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Presidente: Marcelo Borges LopesCSEI

Trace um panorama sobre o setor em 2009, inclusive com perspectivas para o fechamento do ano.

O setor de irrigação deverá encerrar o ano de 2009 com queda no faturamento da ordem de 25% a 30% perante o ano anterior. Trata-se de um valor médio, pois os diferentes segmentos da indústria (irrigação mecanizada, irrigação localizada, irrigação por aspersão convencional, irrigação por carretel enrolador) deverão apresentar índices de retração distintos em função do comportamento dos mercados e culturas a que se destinam, com variações entre 15 % e 65 %.

E como o segmento se comportará em 2010?

De uma forma geral, existe uma percepção e expectativa favoráveis em função das perspectivas de superação da crise financeira nos mercados centrais da Europa e dos Estados Unidos, o que pode elevar a demanda e preços das principais commodities agrícolas. Um aspecto preocupante é a firme sobrevalorização do Real, que afeta a receita gerada pelos principais itens da pauta de exportação agrícola, deprimindo a renda e a capacidade de investimento dos produtores.

Sabemos que 2008 foi ano excelente para a indústria. Quando o sr. imagina que o setor retorne aos níveis daquele ano?

Provavelmente isso ainda não ocorrerá de forma generalizada no setor agrícola em 2010, embora se acredite em crescimento sobre 2009. Mantidas as condições de recuperação da economia global, da demanda e das condições de crédito, cremos ser factível que isso ocorra a partir de 2011.

Até que ponto a crise econômica mundial afetou o segmento?

Houve comportamentos distintos no que se refere aos investimentos no setor agropecuário, especificamente em agricultura irrigada. Grandes produtores com atividade baseada no cultivo de grãos, agroindústria e fruticultura de exportação retraíram significativamente devido à contração dos mercados, preços e escassez de crédito. Produtores especializados de pequeno e médio portes, notadamente voltados à produção de hortaliças e fruticultura para o mercado interno, não foram atingidos com a mesma intensidade. Impacto muito forte foi observado no setor sucroalcooleiro, onde a demanda de equipamentos de irrigação (tanto para irrigação quanto para aplicação de vinhaça) caiu para menos da metade do período anterior, tanto pela suspensão de novos investimentos quanto pela difícil situação de crédito e rentabilidade observada nas unidades produtivas existentes.

Fale sobre a competitividade do setor nos mercados interno e externo.

Em geral, o setor de equipamentos de irrigação no país não tem perfil exportador, salvo situações específicas. A maior parte das empresas possui unidades em outros países, e as bases locais prioritariamente se dedicam ao mercado interno. Isso posto, pode-se afirmar que o atual nível do câmbio dificulta bastante a exportação de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil, ainda que para países geograficamente próximos e integrados a tratados de redução tarifária ou livre-comércio.

Qual o maior problema enfrentado pelo setor hoje?

Seguramente as dificuldades para obtenção de licenciamento ambiental e outorga de água para implantação de novos projetos de irrigação. A complexidade, a desinformação e a morosidade do processo em muitos casos desestimulam o produtor, que acaba adiando o investimento. Em segundo lugar, observam-se, em muitos casos, dificuldades de contratação das linhas de crédito disponíveis para investimento em equipamentos de irrigação, muitas vezes por falta de agilidade e comprometimento do agente financeiro, além de falta de documentação hábil por parte do produtor que recorre ao crédito. Isso acaba dificultando e retardando o processo, fazendo com que os recursos alocados não sejam utilizados da forma desejável e necessária. Cabe ressaltar também a falta de prioridade dada pelo governo federal ao tema da agricultura irrigada, cujas políticas são frágeis e desarticuladas, com evidentes prejuízos ao setor. Inexiste um órgão central que responda pelas políticas públicas necessárias à estruturação do setor, o que resulta em conflitos de responsabilidade e falta de liderança que impulsione a atividade de forma sustentada.

Quais as soluções que a câmara busca para solucionar esse problema?

A CSEI tem atuado de forma permanente em todos os fóruns (ministérios, secretarias, agências e órgãos oficiais etc), buscando esclarecer sobre os benefícios estratégicos, econômicos e ambientais do uso adequado dos sistemas de irrigação na agricultura. Da mesma forma, tem buscado sensibilizar as várias instâncias dos governos sobre a importância de dar ao tema um tratamento prioritário e estratégico, que permita de fato estabelecer as condições para alavancar a atividade da agricultura irrigada dentro de uma política agrícola abrangente e duradoura.

Quais os próximos passos para sustentação do segmento?

A contínua mobilização do setor em relação aos aspectos acima, focalizando na necessidade de esclarecer a sociedade sobre os benefícios da agricultura irrigada, identificando essa tecnologia como solução e não como problema às causas da preservação ambiental, na medida em que proporciona maior produção em menor área explorada. E, na medida em que essa visão se consolide, o desenvolvimento futuro da atividade no país se dará de forma irreversível e duradoura.

No tocante a novas políticas e a regulamentação para o setor, o que tem sido feito?

A CSEI tem participado de todas as iniciativas que visam acelerar o processo de votação no Congresso Nacional da Lei de Irrigação, que institui o Plano Nacional de Irrigação, e que se arrasta há vários anos sem que o processo tenha sido concluído. Uma dessas instâncias é o recém-instalado Fórum Nacional da Irrigação, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional, por meio de atuação coordenada com a Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem e demais entidades representativas do agronegócio brasileiro. Esse instrumento legal deverá constituir-se na base para direcionar as atividades do setor, portanto trata-se de prioridade absoluta neste momento.

Comente o que mais considerar pertinente sobre o setor.

Apenas informar que todos os dados disponíveis sobre as projeções de necessidade de alimentos, fibras e biocombustíveis no futuro, realizadas por organismos internacionais, somente poderão ser atendidas com o uso de tecnologia que permita produzir mais com menor uso das terras (ganhos de produtividade), sendo que a irrigação desempenha papel preponderante nesse cenário. Sabe-se que, no Brasil, conforme dados divulgados em 2004 pela Agência Nacional de Águas, ANA, 5 % da área irrigada no país correspondem a 16% do valor físico e a 35 % do valor econômico da produção. Não se vislumbra possibilidade de atendimento dessas necessidades de aumento de produção por meio da expansão das fronteiras agrícolas, o que seria absolutamente insustentável do ponto de vista ambiental.

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SOBRE O BLOG INDUSTRIAL

O Blog Industrial acompanha a movimentação do setor de bens de capital no Brasil e no exterior, trazendo tendências, novidades, opiniões e análises sobre a influência econômica e política no segmento. Este espaço é um subproduto da revista e do site P&S, e do portal Radar Industrial, todos editados pela redação da Editora Banas.

TATIANA GOMES

Tatiana Gomes, jornalista formada, atualmente presta assessoria de imprensa para a Editora Banas. Foi repórter e redatora do Jornal A Tribuna Paulista e editora web dos portais das Universidades Anhembi Morumbi e Instituto Santanense.

NARA FARIA

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), cursando MBA em Informações Econômico-financeiras de Capitais para Jornalistas (BM&F Bovespa – FIA). Com sete anos de experiência, atualmente é editora-chefe da Revista P&S. Já atuou como repórter nos jornais Todo Dia, Tribuna Liberal e Página Popular e como editora em veículo especializado nas áreas de energia, eletricidade e iluminação.

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