Visite o site da P&S Visite o site do Radar Industrial Visite o site da Banas Ir para página inicial RSS

0

Por Juliana Dimário, Diretora de Pessoas e Cultura da CBYK

Durante muito tempo, ser líder significou ser inabalável. O modelo tradicional valorizava a autoridade, o controle e a certeza — como se demonstrar fragilidade fosse um risco. Mas, em um mundo cada vez mais complexo e humano, a vulnerabilidade se tornou uma das principais forças da liderança moderna.

Empresas inovadoras já entenderam que liderar não é saber tudo, mas criar ambientes onde as pessoas se sintam seguras para aprender, errar e crescer. Essa é a visão defendida por Annmarie Neal, Chief People Officer oficial da Zendesk. Para ela, o papel do RH e da liderança é cultivar confiança para que os gestores possam ser autênticos, empáticos e, sobretudo, humanos.

“Precisamos criar uma cultura em que os líderes se sintam à vontade para mostrar suas vulnerabilidades. Isso leva tempo, mas faz toda a diferença”, afirma Annmarie.

Assumir vulnerabilidade não é sinal de fraqueza — é um ato de coragem. Expor dúvidas, pedir ajuda e reconhecer limitações são atitudes que aproximam líderes e equipes, fortalecendo o senso de propósito coletivo. Quando um líder se permite ser real, ele convida os outros a fazerem o mesmo. E é nesse espaço de confiança que surgem as melhores ideias, as colaborações mais genuínas e os times de alta performance.

Essa mudança de mentalidade exige uma nova forma de pensar o desenvolvimento das lideranças. Em vez de programas voltados apenas à técnica e à performance, as empresas precisam investir em competências emocionais — como empatia, escuta ativa e autoconhecimento.

A Zendesk, por exemplo, tem apostado em programas de soft skills voltados à autenticidade e à gestão emocional, conectando a formação de líderes à construção de uma cultura organizacional mais saudável. A mensagem é clara: não há performance sustentável sem bem-estar e confiança.

Em um ambiente de trabalho híbrido e cada vez mais digital, a vulnerabilidade também atua como elo entre pessoas e propósito. Ao admitir que não têm todas as respostas, líderes abrem espaço para a inteligência coletiva — e o resultado é uma equipe mais criativa, engajada e comprometida com o sucesso do negócio.

O desafio está em desconstruir o antigo ideal do “líder perfeito”. O futuro pertence àqueles que compreendem que liderar é, antes de tudo, um ato humano.

Como resume Annmarie Neal: “Basta uma pessoa não estar disposta a ser vulnerável para o ambiente se desestabilizar. Mas quando existe confiança, as relações se tornam mais verdadeiras e produtivas.”

No fim, a vulnerabilidade é o que sustenta a liderança com propósito. Ela transforma autoridade em influência, controle em colaboração e medo em coragem. E é justamente essa coragem de ser autêntico que diferencia os líderes que inspiram dos que apenas comandam.

*Juliana Dimário é Diretora de Pessoas e Cultura da CBYK Consultoria e Seastorm Ventures, com certificação Internacional em Psicologia Positiva pelo WholeBeing Institute, Chief Hapiness Officer (CHO) pelo Instituto Feliciência, Colunista no RH Portal, com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, e graduação em Comunicação Social pela Universidade Metodista.

TAGS: , ,

Deixe seu comentário

0

Fábio Vitola, CEO da Galapos (Foto: Divulgação)

Regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com grande potencial de inovação, seguem pouco representadas pelo incentivo

Instituída em 2005, a Lei do Bem é considerada um dos principais mecanismos de incentivo à inovação no país, na qual permite que empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) tenham acesso a benefícios fiscais capazes de reduzir significativamente a carga tributária. Na prática, o instrumento representa um retorno financeiro importante e um estímulo direto à competitividade das companhias que apostam em inovação. Apesar de seu potencial, a adesão ao benefício ainda é muito baixa.

Embora o Brasil tenha cerca de 1,1 milhão de empresas enquadradas no regime de Lucro Real, apenas uma fração delas utiliza a Lei do Bem. Neste sentido, surge um paradoxo: enquanto o país busca aumentar sua capacidade tecnológica e produtiva, o principal incentivo fiscal voltado à inovação segue pouco explorado, limitando o avanço de iniciativas em escala compatível com o tamanho da economia brasileira.

De acordo com Fábio Vitola, CEO da Galapos, um dos fatores que explicam esse cenário é a falta divulgação e promoção por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que resulta também na falta de clareza sobre os critérios de enquadramento. Para acessar o benefício, é necessário estar no regime de Lucro Real, apresentar lucro tributável no exercício, realizar investimentos em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e manter regularidade fiscal com a União.

— As condições foram criadas para estimular empresas comprometidas com atividades de pesquisa e desenvolvimento, sejam elas voltadas a grandes transformações de mercado ou a melhorias internas de processos, produtos e serviços. Mesmo assim, muitas organizações que preenchem os requisitos acabam não utilizando o incentivo simplesmente por desconhecimento ou falta de orientação — explica.

Os ganhos, para quem se enquadra, são expressivos. A exclusão fiscal adicional dos gastos com P&D pode gerar economia entre 20,4% e 34% sobre o total investido. Em termos práticos, se trata de um ciclo virtuoso: a redução de impostos libera mais recursos para novas iniciativas, o que acelera o desenvolvimento de produtos e serviços e fortalece a competitividade empresarial.

Conforme Fábio, além do desconhecimento, outro ponto é a incerteza sobre quais projetos podem ser caracterizados como P&D, o que gera dúvidas na aplicação prática. Há também o receio de riscos fiscais, já que o benefício é autoaplicável e pode gerar insegurança quanto a eventuais questionamentos da Receita Federal.

— O resultado é um cenário em que o problema não está apenas na legislação, mas na falta de informação acessível e de segurança jurídica. Existem uma série de regramentos e orientações fiscais e contábeis fundamentais para que esse o risco seja mitigado. O atual cenário junto de reformulações do MCTI, mudanças nos formulários de prestação de contas, por exemplo, geram mais insegurança, reforça.

Incentivo está concentrado em pólos industriais e tecnológicos

A concentração geográfica revela uma desigualdade estrutural quando se trata da Lei do Bem. A maior parte das empresas beneficiadas está nas regiões Sul e Sudeste, que historicamente concentram pólos industriais e tecnológicos mais consolidados. Enquanto isso, regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com grande potencial de inovação, seguem pouco representadas.

Apesar da situação, o CEO da Galapos pensa que há caminhos para reverter o cenário. Segundo ele, o Norte poderia aproveitar o incentivo em áreas de biodiversidade e bioeconomia; o Nordeste, em energias renováveis e tecnologia social; e o Centro-Oeste, em projetos de agritech e biotecnologia voltados à produtividade no campo. Estimular a adesão nessas regiões significaria descentralizar a inovação e fortalecer setores estratégicos para o desenvolvimento nacional.

Entretanto, ampliar o uso da Lei do Bem depende de uma combinação de fatores.

— A difusão de informações claras e objetivas é essencial para reduzir o desconhecimento. A simplificação da comunicação sobre critérios técnicos pode aproximar mais empresas do benefício. A segurança jurídica é outro ponto central: enquanto houver incerteza sobre a interpretação da lei, o receio de autuações continuará limitando o engajamento. Processos mais transparentes e mecanismos de validação mais robustos ajudariam a criar confiança e previsibilidade — pontua Fábio Vitola.

Formas para expandir Lei do Bem

Para que o programa tenha maior alcance e seja expandido para além dos grandes centros, algumas saídas passam por políticas regionais, parcerias com universidades e estímulo à atuação de consultorias especializadas. Para Fábio, as medidas podem contribuir para democratizar o acesso e garantir que empresas de diferentes portes e setores transformem o incentivo em uma vantagem competitiva.

— O Brasil possui um dos maiores potenciais de inovação da América Latina, mas o baixo aproveitamento da Lei do Bem mostra o distanciamento entre o discurso de incentivo à inovação e a prática. Reverter esse quadro é fundamental para transformar custos em oportunidades, fortalecer a competitividade e acelerar o desenvolvimento tecnológico do país — finaliza.

Sobre a Galapos

A Galapos é uma empresa de consultoria financeira, parte do ecossistema XP, com atuação especializada em soluções em três verticais: M&A, gestão empresarial e consultoria em incentivos governamentais para inovação. Fundada em 2010 em Porto Alegre (RS), a empresa possui mais de 300 clientes ativos e já conduziu mais de 100 processos de M&A atuando com assessoria completa no sell side ou buy side em diversos segmentos. No campo dos incentivos fiscais, a Galapos é especialista no apoio a empresas que buscam linhas de financiamento como o FINEP e incentivos como a Lei do Bem e a Lei da Informática. Em 2025, pelo terceiro ano consecutivo, conquistou o selo GPTW.

TAGS: , , ,

Deixe seu comentário

0

Credito foto: Renato Sobrinho – Marketing & Sales Specialist | LinkedIn

Por Renato Sobrinho

Uma boa estratégia de marketing pode servir como um excelente GPS para guiar as empresas frente a um futuro cada vez mais promissor. Mas, como calibrá-lo corretamente, para que consiga apontar o melhor caminho? Para muitas empresas, as métricas de vendas acabam sendo as grandes referências para ajustar essa rota – algo que, nem sempre, contribuirá para que conquistem os objetivos desejados. Muitos outros dados podem ser utilizados para direcionar os planejamentos a serem seguidos, cabendo à cada organização essa alteração do foco para que consigam resultados cada vez melhores.

Segundo um estudo do Panorama de Marketing e Vendas 2025, 71% das empresas não atingiram suas metas de marketing em 2024. Quando nos aprofundamos na pesquisa para entender melhor o que pode ter prejudicado isso, 34% dessas equipes focaram essas ações para gerar uma maior demanda; 27% em fortalecer a marca; 14% em inovações digitais; e 13% em estreitar relacionamentos.

Esses dados evidenciam como grande parte dos negócios ainda prioriza o aumento do número de vendas na elaboração das ações que serão implementadas, o que, nem sempre, acaba contribuindo para a conquista do crescimento real da empresa. Dentro do marketing, existem muitas outras informações que podem servir como referência para definir o crescimento do negócio em questão, contudo, as nuances são diferentes e, portanto, nem sempre colocar as vendas em destaque pode ser a escolha mais sábia.

Outros números que podem servir como uma metrificação da evolução da empresa incluem novos clientes, consumidores fidelizados, crescimento dos números de seguidores nas redes sociais, aumento de menções na web, visitas aos espaços físicos, números de contatos recebidos, dentre muitos outros.

Com essa maior diversidade de dados em mãos, o marketing pode pegar emprestado um conceito central da área de growth, chamado de North Star Metric (Métrica Estrela Norte ou NSM), através do qual é possível evitar ilusões de crescimento e focar no longo prazo – mostrando o que realmente impulsiona o negócio, garantindo retenção e alinhando toda a empresa ao mesmo objetivo.

Ao utilizar essa tática de mensuração de resultados, pode-se fugir de possíveis falhas das quais os outros KPIs estão passivos de apresentar, como: otimizar para receita imediata e prejudicar o futuro, interpretar picos de vendas como crescimento real, perder de vista o valor real entregue ao cliente, desalinhamento entre áreas, ignorar problemas de retenção e engajamento, e medir o que é fácil e não o que importa.

Através do uso dessa ferramenta, tanto a miopia de marketing (enxergando apenas o que está à sua frente, ignorando possíveis oportunidades a serem exploradas) quanto a hipermetropia (não focar no que está à sua frente, visando apenas o futuro) podem ser evitadas. Dessa forma, novas metas de marketing podem ser definidas, junto a métricas que realmente farão sentido para o negócio.

Levando essa premissa aos dados apresentados no estudo acima, por exemplo, temos uma parcela de entrevistados que apresentam “inovar no digital” como uma meta. Mas, como isso pode ser mensurado? Como essa inovação vai impactar o crescimento do cliente? Provavelmente, são perguntas que não podem ser respondidas, mas que deveriam, para que essa estratégia consiga gerar valor ao negócio.

Sair da bolha de focar somente nos dados remetentes às vendas pode ser um grande desafio para muitas empresas, uma vez que exige que saiam dessa sua área de conforto e comecem a analisar outros números e fatores importantes. Porém, a visualização de suas operações por outros ângulos pode ser bem mais vantajosa e útil para seu crescimento ao longo do tempo.

Renato Sobrinho é um especialista em Growth, Marketing e Vendas.

TAGS: , , ,

Deixe seu comentário

BUSCA

CATEGORIAS

SOBRE O BLOG INDUSTRIAL

O Blog Industrial acompanha a movimentação do setor de bens de capital no Brasil e no exterior, trazendo tendências, novidades, opiniões e análises sobre a influência econômica e política no segmento. Este espaço é um subproduto da revista e do site P&S, e do portal Radar Industrial, todos editados pela redação da Editora Banas.

TATIANA GOMES

Tatiana Gomes, jornalista formada, atualmente presta assessoria de imprensa para a Editora Banas. Foi repórter e redatora do Jornal A Tribuna Paulista e editora web dos portais das Universidades Anhembi Morumbi e Instituto Santanense.

NARA FARIA

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), cursando MBA em Informações Econômico-financeiras de Capitais para Jornalistas (BM&F Bovespa – FIA). Com sete anos de experiência, atualmente é editora-chefe da Revista P&S. Já atuou como repórter nos jornais Todo Dia, Tribuna Liberal e Página Popular e como editora em veículo especializado nas áreas de energia, eletricidade e iluminação.

ARQUIVO

IBGE importação Perspectivas Oportunidade CNI PIB máquina Revista P&S Pesquisa Evento Feira Internacional da Mecânica inovação Meio Ambiente Industrial Artigo FIESP Investimento meio ambiente sustentabilidade #blogindustrial Lançamento máquinas e equipamentos #revistaps mercado Economia Feimafe tecnologia Feira indústria Site P&S Radar Industrial