O Brasil acaba de ultrapassar a marca de 14 gigawatts (GW) de potência operacional nas grandes usinas solares, igualando assim a capacidade instalada da hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior usina do mundo, de acordo com o mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
Segundo a entidade, desde 2012, o segmento já trouxe mais de R$ 60,7 bilhões em novos investimentos e mais de 424 mil empregos verdes acumulados, além de proporcionar cerca de R$ 20 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.
Atualmente, as usinas solares de grande porte operam em todos os estados brasileiros, com liderança, em termos de potência instalada, da região Nordeste, com 59,8% de representatividade, seguida pelo Sudeste, com 39,1%, Sul, com 0,5%, Norte, com 0,3% e Centro-Oeste (mais DF), com 0,3%.
Na avaliação da ABSOLAR, é plenamente possível aumentar significativamente a participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira, mantendo a confiabilidade, segurança e estabilidade, bem como assegurando o equilíbrio técnico e econômico da expansão e operação do sistema elétrico do Brasil.
Segundo o estudo Sistemas Energéticos do Futuro: Integrando Fontes Variáveis de Energia Renovável na Matriz Energética do Brasil, que durou três anos e reuniu instituições como o Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a entidade de cooperação internacional do governo alemão GIZ, há uma forte sinergia entre os recursos renováveis do Brasil, como hídrico, solar, eólico, de biomassa e de biogás.
O relatório mostra que o equilíbrio do sistema, quando há variações nos ventos e no sol, é fornecido em especial pelas hidrelétricas renováveis, não pelas termelétricas fósseis.
O CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, ressalta que, além de ser uma fonte competitiva e limpa, a maior inserção da energia solar em grandes usinas é fundamental para o País reforçar a sua economia e impulsionar o processo de transição energética. “A fonte solar é parte desta solução e um verdadeiro motor de geração de oportunidades, novos empregos e renda aos cidadãos”, aponta.
“O crescimento da energia solar fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e amplia a competitividade dos setores produtivos brasileiros, fatores cada vez mais importantes para a economia nacional e para o cumprimento dos compromissos ambientais assumidos pelo País”, acrescenta.
Para Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, o crescimento acelerado da energia solar é tendência mundial e colabora para o processo de descarbonização das economias. “O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta, o que abre uma enorme possibilidade para a produção do hidrogênio verde (H2V) mais barato do mundo e o desenvolvimento de novas tecnologias sinérgicas, como o armazenamento de energia e os veículos elétricos”, diz.
Terminou na semana passada a HYDROGEN EXPO South America e a CARBON CAPTURE South America, eventos dedicados a apresentar novas tecnologias e soluções, catalisando o debate em torno do desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio como alternativa econômica e ambientalmente viável no processo de descarbonização da indústria brasileira e internacional.
Com mais de 70 empresas nacionais e internacionais participantes e uma extensa programação de conteúdo, a segunda edição dos eventos foi realizada no Rio de Janeiro e atraiu mais de 3.000 profissionais do setor. “Registramos um aumento significativo no número de expositores e de visitantes de quase 30% com relação à edição do ano passado, o que comprova o avanço desse setor de um ano para o outro”, constatou Cassiano Facchinetti, managing director da INTERLINK Exhibitions, organizadora dos eventos.
“São dois eventos em um, que formam uma plataforma exclusiva para colaboração e troca de ideias com o propósito de acelerar a transição energética para um futuro descarbonizado e mais sustentável. Sabemos que a descarbonização não é um desafio fácil e isolado, mas um processo complexo que engloba todos os aspectos da nossa cadeia produtiva. Para isso, a HYDROGEN EXPO South America e a CARBON CAPTURE South America reúnem a iniciativa privada e o poder público com a indústria, para juntos discutirmos os desafios atuais para a implementação desses projetos e as propostas necessárias para tornar o Brasil um protagonista nesse setor.”
Outro ponto destacado por Facchinetti foi a geração de negócios e parcerias entre as empresas presentes. “Por reunir oferta e demanda, ou seja, de um lado fornecedores de soluções em tecnologias e equipamentos para a produção, distribuição, armazenagem e exploração do hidrogênio e, do outro, grandes indústrias que precisam fazer a transição energética e descarbonizar suas operações, o evento é uma ferramenta estratégica para a geração de negócios e parcerias comerciais”.
A aprovação do Projeto de Lei 699/2023, chamado de PROFERT, que trata da criação de um arcabouço legal para o mercado de fertilizantes nitrogenados no Brasil, pode viabilizar grandes investimentos na neoindustrilização brasileira, sobretudo com novas fábricas de fertilizantes nitrogenados a partir do hidrogênio verde.
A afirmação é de Maria Gabriela Oliveira, diretora da Atlas Agro, empresa suíça com foco na produção de fertilizantes nitrogenados com zero emissões de carbono. Durante a audiência pública da comissão de meio ambiente na Câmara dos Deputados sobre o PL do PROFERT, realizada na última semana de maio deste ano, a executiva destacou a intenção de novos investimentos da companhia no País, com a expansão das fábricas no território nacional até 2034.
A aposta da Atlas Agro é, a partir da aprovação do PROFERT, a criação de um marco legal que amplie o ambiente de negócios com mais segurança jurídica e atratividade aos atuais e novos investimentos da companhia no País. Atualmente, a empresa está construindo a primeira fábrica de fertilizantes nitrogenados a partir do hidrogênio verde, na cidade Uberaba (MG), com investimentos totais de R$ 4,3 bilhões.
“As futuras fábricas de fertilizantes verdes no território nacional trarão um impacto relevante na balança comercial brasileira, com bilhões de dólares de importação evitada, além dos próprios ganhos internos em termos econômicos, sociais, ambientais e geopolíticos”, explica Maria Gabriela.
“Os fertilizantes verdes da Atlas Agro serão capazes de reduzir a pegada de carbono nas lavouras brasileiras entre 10 e 50%, a depender do tipo de cultivo, o que é altamente significativo para colocar o agronegócios brasileiro na vanguarda mundial de produção sustentável”, acrescenta.
Segundo a executiva, a aposta da Atlas Agro é a descarbonização da indústria nacional de fertilizantes nitrogenados, com mais segurança alimentar e redução da dependência de importações de fertilizantes com alta pegada de carbono, sobretudo de regiões em conflito de guerra, como a Rússia, por exemplo. “Hoje o Brasil é um mercado importador do insumo e pode, em pouco tempo, ser protagonista mundial na nova indústria sustentável de fertilizantes a partir do hidrogênio verde, trazendo um alto valor agregado e mais competitividade ao agronegócio brasileiro no ambiente internacional, além do próprio avanço no abastecimento do mercado doméstico”, ressalta.
Quando pronta, a fábrica em Uberaba, que utilizará uma matriz 100% limpa, a partir de fontes renováveis, tais como a solar e eólica, terá uma capacidade de produção de cerca de 500 mil toneladas por ano de fertilizantes para atender os clientes da região. Sozinha, planta poderá reduzir em 2,5% a dependência de importação total de fertilizantes do País.
O Conselho Global de Energia Solar (Global Solar Council – GSC, em inglês) anuncia hoje o lançamento de sua nova marca e visão estratégica, com o intuito de acelerar a implantação da energia solar fotovoltaica ao redor do mundo. A evolução do posicionamento da entidade ocorre em um momento crítico para unir esforços na indústria fotovoltaica e manter o planeta no caminho e na meta de limitar o aquecimento global em 1,5°C.
Segundo Sonia Dunlop, CEO do GSC, a energia solar é uma indústria em crescimento, que ultrapassou recentemente 1 terawatt (TW) de capacidade instalada no mundo, com benefícios imensos, incluindo a redução de 300 milhões de toneladas de CO2. “Mas o potencial total da energia solar fotovoltaica ainda não foi utilizado. Precisamos unir a indústria global para enfrentar nossos desafios comuns, maximizar a implantação e entregar a revolução solar com velocidade, com escala e com os mais altos padrões de qualidade. Toda pessoa no mundo merece acesso à eletricidade solar, seja no telhado de sua casa ou por meio de seu fornecedor, e nenhum país deve ficar para trás. Com a nova estratégia do GSC e nossa rede crescente de empresas ao redor do mundo, estamos trabalhando mais do que nunca para tornar isso uma realidade”, diz.
Já Máté Heisz, presidente do Conselho do GSC e diretor de Assuntos Globais da SolarPower Europe, acrescenta que a nova marca e visão estratégica do GSC marcam um momento crucial para a organização. “Estamos intensificando nossos esforços para acelerar a energia solar ao redor do mundo. O Conselho Global de Energia Solar tem a missão de unificar todos os stakeholders da energia solar fotovoltaica rumo à meta climática de 1,5°C. Estamos convencidos de que a energia solar será o coração pulsante do nosso futuro limpo e sustentável, e convidamos todos os atores da energia solar a se juntarem à nossa jornada”, aponta.
Nova Marca, Visão Renovada
A nova marca da organização incorpora seus valores essenciais de paixão, comunidade e progresso como líder na transição energética global.
Alyssa Pek, diretora de Estratégia e Comunicação do GSC, comenta que a nova marca é muito mais do que um logotipo renovado – é uma representação visual e estratégica do nosso crescimento como organização. “Pegamos todos os elementos do nosso logotipo original e o evoluímos para um símbolo mais ousado de otimismo e esperança. Fizemos o mesmo com nossas prioridades estratégicas. Estamos construindo sobre o excelente trabalho de nossos predecessores e membros, e evoluindo para ser ainda mais ambiciosos e impactantes – beneficiando um grupo mais amplo de membros para realizar nosso potencial como organização e como indústria”, ressalta.
O GSC busca construir um mundo justo e sustentável com a energia solar fotovoltaica no centro de uma nova economia energética. Para alcançar essa visão, a organização está agora centrando sua estratégia em três pilares principais:
Política e Defesa de Interesses: apoiar a indústria para defender políticas e regulamentações em nível global e nacional, para garantir o crescimento rápido e de longo prazo da indústria solar fotovoltaica.
Construção de Redes e Conhecimento: reunir formuladores de políticas, investidores e representantes da indústria e de instituições internacionais, para fornecer as melhores práticas e desenvolver capacidades para abrir portas para novos mercados e oportunidades de negócios.
Definição de Padrões e Soluções: Aproveitar nossa expertise para desenvolver e promover padrões globais e soluções para a energia solar fotovoltaica, a fim de moldar uma indústria competitiva, de alta qualidade e sustentável.
“Nossa nova estratégia enfatiza colaboração e inovação,” reforça a CEO do GSC. “Ao juntar-se ao GSC em sua missão, os membros farão parte de um esforço coletivo para superar barreiras e aumentar as oportunidades para a implantação da energia solar fotovoltaica em todo o mundo”, acrescenta.
Série de Ações e Grupos de Trabalho Regionais
Como parte dessa visão estratégica renovada, o GSC também anunciou uma série de ações em grupos de trabalho focados em áreas-chave essenciais para o crescimento futuro da indústria solar fotovoltaica. Esses fluxos de trabalho serão uma colaboração entre membros do GSC e outros stakeholders chave que são especialistas e agentes de mudança em suas áreas.
Os novos fluxos nos grupos de trabalho do GSC incluem:
Integração e Armazenamento na Rede: Liderado pela associada SMA Solar, este fluxo de trabalho visa compartilhar as melhores práticas para aumentar a capacidade e flexibilidade da rede, no sentido de acomodar a geração crescente de energia solar, explorar como a tecnologia pode fornecer serviços à rede e enfrentar desafios técnicos e regulatórios. O fluxo de trabalho buscará colocar o desafio da rede no topo da agenda política global.
Finanças: Liderado pela associada Jinko Solar, este fluxo de trabalho desenvolverá soluções e estruturas financeiras inovadoras para tornar os investimentos em energia solar mais acessíveis e atraentes, especialmente em mercados emergentes, envolvendo tanto investidores do setor privado quanto bancos de desenvolvimento. Vai criar um diálogo global pela primeira vez entre a indústria fotovoltaica e o setor financeiro para resolver desafios comuns e reduzir o custo do financiamento para a energia solar.
Cadeia de Suprimentos: Liderado conjuntamente por representantes da indústria de todas as regiões do mundo, este fluxo de trabalho se concentra em fortalecer a cadeia de suprimentos solar, para garantir transparência, resiliência, competição e sustentabilidade.
Habilidades: Liderado em colaboração com a associada GWO, uma especialista em padrões de treinamento, este fluxo de trabalho é dedicado à construção de uma força de trabalho qualificada capaz de apoiar a expansão da indústria solar. Um resultado chave deste fluxo de trabalho será o desenvolvimento da Iniciativa de Padrões de Treinamento Solar.
Além dos fluxos de trabalho temáticos, o GSC continuará a desenvolver seus Grupos Regionais focados no Sudeste Asiático, África e América Latina. Esses grupos trabalharão em estreita colaboração com os membros da região e stakeholders locais.
Oportunidades de adesão e colaboração
O GSC convida empresas e associações envolvidas na indústria solar globalmente a se juntarem à sua rede crescente, assim, fazer parte da estratégia renovada da organização para acelerar a implantação da energia solar em todo o mundo. A adesão oferece uma gama de benefícios, incluindo marketing aprimorado e visibilidade, suporte à expansão de mercado, inteligência política e acesso a oportunidades de networking B2B e B2G.
A Drivin, scale-up e partner tecnológico que otimiza os processos logísticos de transportes líderes no mercado, anuncia o lançamento de uma nova funcionalidade capaz de medir, controlar e compensar a pegada de carbono de mais de 500 empresas de logística da América Latina. Trata-se do Painel de Medição de Emissões de gases de efeito estufa da cadeia de transporte, desenvolvido em parceria com a Carboneutral, líder em gestão de pegada de carbono.
A ferramenta gratuita possibilitará que as empresas visualizem facilmente as emissões totais de gases de efeito estufa expressas em toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), a distância percorrida e as toneladas transportadas por cada veículo a partir de um dashboard.
“Nos comprometemos com um futuro sustentável e, sobretudo, em promover uma estratégia de logística verde nas empresas, que fomente cada vez mais a sustentabilidade. Diante da nossa parceria com a Carboneutral, as empresas poderão compensar suas respectivas emissões, por meio da aquisição de créditos de carbono de projetos certificados como VCS, Gold Standard, ACR, MDL, entre outros”, destaca Alvaro Loyola, country manager da Drivin Brasil.
Cada veículo na estrada e quilômetro percorrido possui um impacto no planeta. Neste sentido, a colaboração entre Drivin e Carboneutral oferece benefícios tangíveis tanto para as organizações como para o meio ambiente e, prioritariamente, uma abordagem abrangente para enfrentar os desafios climáticos atuais. Inclusive, a solução facilita o monitoramento diário de mais de 40 mil veículos ao nível LATAM.
Para Felipe Sepúlveda Lepe, fundador e CEO da Carboneutral, a ferramenta contribui de forma significativa para a redução da pegada de carbono no setor de transporte e logística ao combinar a experiência da Carboneutral em soluções sustentáveis com a tecnologia avançada da Drivin. “Estamos comprometidos com a ação climática, a inovação tecnológica e o impacto positivo na sociedade”, complementa Lepe.
A logística é reconhecida como uma das indústrias mais poluentes do mundo, representando 20% das emissões globais de CO2. Logo, a parceria representa um passo significativo em direção à ação climática no segmento logístico latino-americano. Aliás, a ferramenta contribui significativamente para organizações que ainda não possuem equipes especializadas em sustentabilidade, ao passo que elas poderão acompanhar com precisão suas respectivas emissões.
Com uma visão partilhada de um futuro mais sustentável, ambas as empresas estão comprometidas em desenvolver e implementar soluções inovadoras. “Hoje, o nosso compromisso vai além de otimizar os processos logísticos, queremos inspirar mais empresas a se juntarem à nossa causa para a construção de um mundo mais verde e equitativo para as gerações futuras. É fundamental que as organizações de logística assumam a responsabilidade pela redução da sua pegada de carbono e adotem medidas concretas para mitigar o seu impacto no ambiente”, conclui Loyola.
O setor de construção civil é responsável por cerca de 37% das emissões globais de gases de efeito estufa. Uma das alternativas na busca de soluções sustentáveis é o investimento em madeira engenheirada. Um tipo de estrutura que substitui o concreto e pode erguer prédios de até 20 andares. Além da facilidade de manuseio, o material une tecnologia com sustentabilidade e colabora com a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Enquanto 1 m³ de madeira engenheirada de eucalipto captura cerca de 1 tonelada de CO², 1 tonelada de ferro emite cerca de 930 kg de CO². Diante deste cenário, o Grupo Monto, empresa responsável pela construção do Parque Logístico de Extrema (MG), empreendimento da Brookfield Properties, idealizou uma alternativa na implementação de dois prédios anexos – portaria e refeitório – que utilizará eucalipto, de variedade Grandis, material 100% renovável e originário de florestas certificadas. A iniciativa visa atender a meta global do cliente (Brookfield Properties) de se tornar NetZero em todo seu portfólio até 2050.
Seu uso vai gerar 50 toneladas de crédito de CO², sem contar com a quantidade de carbono que deixará de ser emitido por conta da diminuição do uso de outros materiais. Outra característica importante é a estrutura mais leve, enquanto a densidade média do concreto é de 2.500 kg/m³, o da madeira engenheirada de eucalipto é de 650kg/m³, um ganho visível para edifícios verticais.
Além dos benefícios estruturais e ambientais, por ser um elemento natural, a madeira proporciona uma sensação de bem-estar para os ocupantes, preocupação importante para ambientes corporativos.
O diretor de engenharia do Grupo Monto, Luís Fernando Malavasi, diz que a ação é referência. “Vencemos o 5° Prêmio Inova Infra 2024 com esta parceria. Inovamos no setor da construção de parques logísticos substituindo o uso do concreto em determinadas partes pela madeira engenheirada, sendo os primeiros a usar este tipo de material na construção de parques logísticos. Com o avanço das compras on-line, os centros de distribuição vêm crescendo e descarbonizar o setor é muito importante”, diz.
Sob o tema “Vocação Brasileira para a Descarbonização da Mobilidade”, a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva reuniu na última quinta-feira, 18, especialistas na 10ª edição do Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustível. O evento, o primeiro do ano, no qual a entidade completa 40 anos de atividades, foi considerado simbólico pelo presidente Marcus Vinicius Aguiar em virtude das oportunidades proporcionadas pelo Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), do Governo Federal. “O programa encaminha as próximas diretrizes para o setor automotivo. O Brasil se posiciona com vantagem em relação a outros países pela diversidade de matrizes energéticas, mas temos de fazer as escolhas corretas para defender a indústria nacional”, resumiu o presidente da AEA durante abertura do encontro no auditório do Milenium Centro de Convenções, em São Paulo. Enquanto as consequências das mudanças climáticas pedem urgência, os desafios são muitos e exigem diversas medidas políticas que envolvem muitos atores. Como apresentou Marlon Arraes Jardim, diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), calcula-se mais de 2 bilhões de motores a combustão no mundo, dos quais 1,5 bilhão de veículos. “Trata-se de um passivo ambiental que precisa de solução não só na frota circulante, que terá de ser sucateada em algum momento, como também por meio de outras plataformas”. Para o representante do Governo, no entanto, uma transição energética massiva e abrupta é muita onerosa. “Estima-se ao menos R$ 1 trilhão para infraestrutura de carregamento de elétricos no Brasil, por exemplo. Mas temos matrizes energéticas comparáveis aos elétricos”, observa. “Integrar as soluções de biocombustível que temos permite uma transição com menor custo e sob o conceito do poço a roda, ciclo interessante para o meio ambiente.” Com a proposta de reflexão, Henry Joseph Jr., diretor técnico da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, aponta o etanol como uma grande vantagem para a descarbonização, mas questiona se os atores envolvidos estão considerando esse privilégio. “Países que queriam pular fora do monopólio do petróleo estão caindo no monopólio da bateria.” Joseph Jr. lembra que todas as metas colocadas pelos programas setoriais, como o Inovar-Auto e o Rota 2030 foram e estão sendo cumpridas. Mas alerta que a trajetória encareceu o automóvel, afastando o consumidor do balcão. “Ano após ano verificamos quedas nas vendas. Estamos empurrando o consumidor para a motocicleta. Será isso que queremos como mobilidade?”. O diretor técnico da Anfavea observa, por exemplo, que o projeto de lei dos Combustíveis do Futuro, texto já aprovado pela Câmara dos Deputados, pode trazer ainda mais custo. Isso porque o PL estabelece aumentos sucessivos de misturas de combustíveis, o que impõem testes aos fabricantes. “Os veículos não foram originalmente projetados para isso. Hoje, apesar de uma frota de 41,7 milhões de automóveis flex, despejamos 60 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Caso a frota passe a usar o etanol, de uma hora para outra, ocorreria uma redução de 50% na emissão de carbono. Mas o etanol vende pouco. E eu não sei responder o porquê.” As soluções que encaminham a descarbonização também avançam pela evolução do powertrain, como apontou Gustavo Santos Lopes, engenheiro da área de P&D da Robert Bosch. Em sua apresentação destacou o potencial da injeção múltipla e vela de ignição por pré-camera com foco nos híbridos. “As soluções otimizam e aceleram a queima do combustível, reduzindo emissão de hidrocarbonetos e monóxido de carbono, bem como a quantidade de catalisadores no pós-tratamento e de óleo na fase fria”, esclarece. Por outra frente, iniciativas pioneiras mostram como empresas do setor agronegócio podem contribuir. Ricardo Tomaczyk, executivo de Relações Institucionais da Amaggi, levou para o simpósio a experiência do uso do B100 (100% biodiesel) nas operações da companhia. O projeto coloca foco na descarbonização e na autossuficiência energética. Em parceria com a fabricante John Deere, a Amaggi abastece as máquinas com o biocombustível produzido internamente. O projeto começou em 2018 e, por meio de avaliações comparativas com o uso do diesel convencional, se constatou viabilidade. “Não houve perda de potência, avarias ou diferenças substanciais no consumo ao longo do tempo. E importante: em máquinas originais de fábrica, sem qualquer adaptação”, conta. Em maio próximo, conforme revelou o representante da Amaggi, o projeto ganha volume com o início de uma operação em uma propriedade da empresa sem uso de combustível fóssil. Será a primeira fazenda do País, localizada no Mato Grosso, 100% B100. “Teremos lá um ciclo completo do biodiesel, do cultivo da matéria-prima ao consumo passando pela produção.” Nas aplicações rodoviárias, em cooperação técnica com a Scania, a Amaggi colocou em suas rotas logísticas, em agosto de 2023, dois caminhões adaptados pela fabricante. Hoje, cada um deles já estão perto dos 60 mil quilômetros rodados sem apresentar problemas e aprovados após avaliação veicular ambiental. A experiência bem-sucedida se tornará perene na empresa com a chegada 100 caminhões Scania que rodarão com B100 a partir de maio. Uma segunda iniciativa da Amaggi nas operações rodoviárias tem parceria com a Volvo, que fornecerá quatro caminhões. No caso, porém, os veículos estarão em testes com uso de diferentes misturas de biodiesel sem qualquer modificação de fábrica. A pretensão da Amaggi também é buscar viabilidade do B100 em suas operações náuticas. A empresa já recebeu autorização para fazer a primeira viagem fluvial com 100% de biodiesel. Em breve, uma embarcação navegará entre Porto Velho (RO) e Itacoatiara (AM) pelos rios Madeira e Amazonas. Outras rotas tecnológicas que priorizam o potencial brasileiro na descarbonização vêm de projetos como bioeletrificação a partir do hidrogênio. Representantes da AVL, Toyota e Hyundai mostraram soluções que possibilitam aproveitar o combustível, a depender da tecnologia, em estado sólido, gasoso ou líquido. Como destacou Thiago Lopes, do Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa, da Universidade de São Paulo (USP), para alcançar emissão zero “precisaremos de todos os hidrogênios renováveis”. Com foco na redução de gases, o pesquisador da USP apresentou projeto piloto, em parceria com Marcopolo, no qual três ônibus entrarão em operação com o uso de hidrogênio a partir do etanol produzido pela própria universidade. “O potencial, no futuro, pode levar o setor de transporte para intensidade negativa de carbono”, acredita Lopes. Experiências avançadas também se mostram por meio do Centro de Tecnologias de Hidrogênio do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O local atua há mais de 10 anos com o propósito posicionar o combustível como vetor energético eficiente. “Queremos transformar o hidrogênio mais sustentável e encaminhar projetos para alcançar autossuficiência”, conta Daniel Cantene, gerente do centro. Com planta experimental de hidrogênio e laboratório de desenvolvimento, um dos projetos do centro estuda o armazenamento de hidrogênio em estado sólido em um transportador. O arranjo permite, por exemplo, fornecer energia renovável a lugares isolados para diversas aplicações, desde a eletricidade doméstica à mobilidade.
Após três anos de operação no Paraná, na região de Telêmaco Borba, o Harbunk Ponsse acumula benefícios para operações de colheita florestal, principalmente em áreas pequenas. Os dados apurados pela Klabin apontam que o equipamento é mais eficiente que os outros métodos de colheita em áreas de até 10 mil toneladas de madeira. “Tivemos aumento de produtividade e redução de custos de operação em 30%”, disse Darlon Orlamunder, diretor de Planejamento e Projetos Florestais da Klabin.
Segundo Darlon, esse resultado é devido a uma soma de fatores, desde a menor mobilização do equipamento, tanto para a operação em si, quanto para o deslocamento dessas máquinas, até o período em que a máquina fica em cada talhão. “Isso porque o Harbunk permanece mais tempo em cada floresta, dispensando o transporte dos outros dois maquinários [necessários] no sistema antigo de colheita”.
O processo também reduz o impacto na comunidade e a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). “O Harbunk reduz a emissão de carbono por ter uma produtividade (t/ha) maior que o sistema anteriormente adotado (CTL). Com a economia de operações, o impacto ambiental é de uma redução de 10% na emissão de CO2 para o conjunto da obra”, disse o diretor da Klabin.
O ano era 2019 e, para a Klabin, a realidade do campo desafiava a competitividade (custo por tonelada) da colheita florestal em algumas regiões do Paraná. Eram áreas florestais menores, onde o custo de deslocamento das máquinas de colheita florestal no sistema Cut-to-Length (CTL) estava inviabilizando a operação.
A Ponsse Brasil, subsidiária da fabricante finlandesa de máquinas florestais, tendo conhecimento dessa situação, buscou em seu portfólio de produtos um equipamento que pudesse receber uma adaptação, para que apenas uma máquina pudesse fazer a colheita, arraste e processamento dessa madeira, promovendo, com isso, maior eficiência para os processos operacionais do cliente.
Como surgiu o Harbunk Ponsse
“Encontramos no nosso Harvester PONSSE Bear a máquina ideal. Nele, foi implantada uma pinça ClampBunk, um cabeçote PONSSE H8 e o guincho auxiliar. Dessa junção nasceu o Harbunk, uma máquina versátil capaz de realizar todas as etapas de colheita florestal, seja em áreas planas ou declivosas”, disse o gerente executivo Comercial e de Marketing da Ponsse, Rodrigo Marangoni.
Futuro do Harbunk
“No Brasil, existem sete Harbunks da Ponsse operando em áreas de colheita florestal e outros cinco devem entrar em operação ainda este ano. É importante acrescentar que a máquina se mostra produtiva não apenas para áreas pequenas, mas também para outras oportunidades de colheita”, disse Marangoni.
Todos esses resultados positivos demonstram que é possível expandir as áreas de colheita florestal, mantendo a competitividade. “O Harbunk é uma ferramenta que gera novas aplicações em sistemas de colheita que já são consolidados com o Full Tree; se encaixa em outras oportunidades que estão em fase de estudo atualmente, por ser uma máquina que faz todas as operações sem depender de outra (derruba, arrasta e processa a madeira) e que, com o guincho acoplado, é capaz de operar também em áreas íngremes”, apontou Darlon.
Para a Ponsse, criar uma máquina produtiva e inovadora está diretamente relacionado com o seu propósito de entregar soluções sustentáveis para o benefício de seus clientes e para o meio ambiente. “Nossa missão é alcançar o sucesso junto de nossos clientes. Neste caso e em outros desenvolvimentos da marca, ouvimos a real necessidade do campo e procuramos alternativas que possam realmente agregar valor à colheita florestal no Brasil e no mundo”, finalizou Marangoni.
Prolata Reciclagem, associação sem fins lucrativos criada para cumprimento das políticas de resíduos sólidos, apresenta resultados de coleta de latas de aço no Estado de São Paulo em 2023. Com aumento de 19% em relação ao ano anterior, as 20.170,12 toneladas recolhidas representam o volume de embalagens de aço pós-consumo destinadas corretamente. A partir do esforço para expansão de pontos de entrega e promoção de educação ambiental, a entidade inicia 2024 presente em 11 das 16 regiões administrativas do Estado.
O Programa Prolata concluiu 2023 ativo em 76 municípios por meio da parceria com 15 cooperativas ou associações de catadores e catadoras de materiais recicláveis. Com 25 entrepostos parceiros e 290 pontos de recebimento de latas, totalizando 330 iniciativas em atividade no Estado contribuindo para a destinação final ambientalmente adequada de embalagens de aço pós-consumo.
Thais Fagury, presidente-executiva da Prolata Reciclagem, reconhece a importância do investimento realizado para expansão de pontos de entrega e promoção de educação ambiental, ações direcionadas ao consumidor final. “O programa deu continuidade às ações estruturantes realizadas desde 2013 junto às cooperativas parceiras, incluindo novas formas de apoio e fortalecimento dos grupos”, conta. Destaca também que, em 2023, a Prolata deu sequência à inclusão de novos entrepostos, aumentando a capilaridade e promovendo o escoamento de latas de aço com a rastreabilidade necessárias em novos municípios.
De acordo com Fabrício Spadine, gerente sênior de vendas da ZF Aftermarket, “o setor automotivo tem ampliado seus conhecimentos sobre as vantagens operacionais, financeiras e ambientais dos produtos remanufaturados. Com isso, as embreagens remanufaturadas vêm ganhando espaço”, afirma. Além das embreagens SACHS para veículos comerciais, no Brasil a ZF também realiza a remanufatura de compressores de ar WABCO em sua unidade de Sumaré, interior de São Paulo. O know how para fortalecer o processo no País vem do exemplo global da ZF, que realiza a remanufatura de mais de 250 produtos em 15 países.
O processo ocorre por meio da logística reversa, a partir de insumos recebidos de fornecedores. Spadine acrescenta que todos os materiais que não podem ser remanufaturados, têm destinação adequada. O padrão de qualidade dos produtos originais é garantido por processos industriais de alta precisão utilizados na remanufatura. “Um dos diferenciais que impactam na qualidade das peças remanufaturadas são das peças novas da ZF, já concebidas e planejadas para serem remanufaturadas no futuro. É um método que aumenta ainda mais a garantia de qualidade e segurança dos produtos”, explica.
Segundo a norma ABNT 15296, somente o fabricante de origem pode realizar um processo de remanufatura, o que diferencia uma peça remanufaturada de uma recondicionada. “O processo segue rigorosamente os mesmos padrões e protocolos de segurança, qualidade e eficiência dos produtos novos e, inclusive, são montadas na mesma linha das peças originais, em nossa unidade de Araraquara, SP”. Durante o processo de remanufatura, todos os componentes que sofrem desgaste são substituídos por componentes novos e genuínos, trazendo as mesmas especificações e garantias de uma embreagem completamente nova.
“Além de contribuir com os planos de sustentabilidade da ZF, as embreagens remanufaturadas trazem diversos benefícios para os clientes, desde a qualidade, até a garantia e competitividade de preço”, assegura Spadine”.
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TATIANA GOMES
Tatiana Gomes, jornalista formada, atualmente presta assessoria de imprensa para a Editora Banas. Foi repórter e redatora do Jornal A Tribuna Paulista e editora web dos portais das Universidades Anhembi Morumbi e Instituto Santanense.
NARA FARIA
Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), cursando MBA em Informações Econômico-financeiras de Capitais para Jornalistas (BM&F Bovespa – FIA). Com sete anos de experiência, atualmente é editora-chefe da Revista P&S. Já atuou como repórter nos jornais Todo Dia, Tribuna Liberal e Página Popular e como editora em veículo especializado nas áreas de energia, eletricidade e iluminação.