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Por Mariano Iocco, diretor de Marketing para América Latina da Sealed Air

Com uma produção robusta e dinâmica, o Brasil se destaca no cenário global como um dos principais produtores de proteínas. Este reconhecimento não é apenas fruto de números impressionantes, mas também de um compromisso contínuo com a inovação e a qualidade. Somente em carne bovina, entre 2023 e 2024, o país alcançou a marca de 10,7 bilhões de toneladas produzidas, representando 18% da produção mundial. Além de ter se posicionado como o maior produtor de carne de frango no mundo e estar em 4º lugar no ranking de produção de carne suína.

Além dos números relativos à produção, o país também impressiona em consumo: segundo a Abiec – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes – em 2024, os brasileiros consumiram 7,78 toneladas de carne bovina, a proteína de maior valor agregado no país. Do total produzido, 3,02 milhões de toneladas foram destinadas à exportação, reforçando a relevância do Brasil tanto como consumidor quanto como fornecedor global.

Com um mercado tão desenvolvido internamente e sendo um dos maiores produtores do mundo, é natural que os hábitos de consumo no Brasil evoluam constantemente, acompanhando novas demandas e tendências. Esse movimento tem impulsionado a popularização de tecnologias inovadoras, como as embalagens case ready (prontas para as prateleiras). Um exemplo disso são as embalagens que utilizam sistemas de atmosfera de proteção (ATP), que evitam a oxidação e potencializam a maturação natural da carne, garantindo maior qualidade e frescor para o consumidor final.

Essas embalagens vêm ganhando espaço não apenas no segmento de carne bovina, mas também entre produtores de aves, suínos, pescados e até na indústria de laticínios, que buscam agregar valor aos seus produtos, destacando-se nos pontos de venda enquanto mantêm as propriedades de conservação que os sistemas tradicionais, como os sacos a vácuo, já oferecem para porções maiores. O diferencial dessas embalagens está na combinação de praticidade e apelo visual, alinhando-se às expectativas de um consumidor cada vez mais exigente.

Praticidade e conveniência: atendendo a novas configurações familiares

Um fator que ilustra bem as mudanças nas expectativas e necessidades do consumidor e suas demandas para este e os próximos anos é a rápida transformação na configuração familiar no Brasil. Segundo o Censo de 2022, o percentual de domicílios com apenas uma pessoa subiu de 12,2% em 2010 para 18,9% em 2022. Já a proporção de casais sem filhos também aumentou, passando de 16,1% para 20,2% no mesmo período. O que reflete diretamente na busca crescente por praticidade no consumo, com maior demanda por produtos que se adaptem a rotinas mais dinâmicas e necessidades individuais ou de pequenos núcleos familiares.

Nesse contexto, outra embalagem do tipo case ready que vem se consolidando como uma tendência em expansão no mercado nacional são as embalagens termoformadas. Essa tecnologia oferece uma solução eficiente e visualmente atrativa tanto para produtores quanto para consumidores. Para os produtores, especialmente aqueles que trabalham com cortes personalizados, as embalagens termoformadas permitem grande flexibilidade de aplicação, com a possibilidade de utilização de diferentes tipos e espessuras de filmes, com ou sem barreira ao oxigênio e sendo compatíveis com diferentes fundos – flexíveis, rígidos ou semirrígidos – atendendo as particularidades de múltiplos mercados.

Além disso, o apelo visual dessas embalagens é um grande diferencial. Elas podem ser projetadas com áreas transparentes que preservam a visibilidade do produto, enquanto oferecem a possibilidade de impressão de alta qualidade, destacando informações importantes e melhorando a apresentação nas prateleiras. Isso não apenas facilita a escolha do consumidor, mas também agrega valor ao produto no ponto de venda.

Automação: eficiência para agregar valor e minimizar perdas

Outro fator essencial quando falamos do futuro das embalagens é a automatização de processos. Para assegurar que toda a tecnologia embarcada em soluções robustas de embalagem, como as termoformadas, cheguem ao varejo e posteriormente ao consumidor final íntegras, padronizadas e com boa apresentação, garantir um processo eficiente dentro da indústria é fundamental.

Com isso, a automação nas operações de embalagens de alimentos ganha o protagonismo. Sistemas automatizados não apenas aumentam a eficiência e são capazes de reduzir custos relacionados a falhas operacionais, como também garantem uma maior uniformidade e qualidade no produto final. Empresas líderes no setor têm adotado equipamentos que automatizam todo o processo de envase, o que tem resultado em uma redução significativa de reprocesso e incremento na produtividade.

Além disso, quando unimos embalagens eficientes com sistemas de automação avançados, criamos soluções integradas que além colaborar com a manutenção do alto padrão de qualidade que as indústrias de proteínas exigem, também minimizam a incidência de perdas de alimentos – um desafio significativo que afeta cerca de 14% da produção global, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Essa abordagem integrada reforça a competitividade das empresas ao otimizar processos e promover um uso mais eficiente de recursos, pontos cada vez mais valorizados pelo mercado.

Em resumo, o ano de 2025 marca um período de grande inovação e avanço para a indústria de embalagens no Brasil e no mundo. Avanços como os elencados não são apenas uma tendência, mas um passo estratégico para empresas que desejam se posicionar como líderes no setor e responder às exigências do mercado global.

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Alan Souza Sales*

O mercado de energia está em franca expansão no Brasil. O País tem a vantagem de gerar energia de múltiplas formas como, por exemplo, a hidroelétrica, eólica e solar. Há bastante tempo as usinas que transformam a energia hidráulica de um curso de água em eletricidade renovável têm sido a matriz energética, mas nas últimas décadas houve boa expansão dos segmentos de usinas solares e parques eólicos. Afinal, os players dos novos setores já entenderam a necessidade de ter uma segurança perimetral mais eficiente e preventiva? 

Um grande entrave no segmento ainda é que muitas vezes no início da construção do canteiro de obras de uma usina solar, por exemplo, não se pensa na proteção do perímetro, pois o cronograma do projeto original, muitas vezes é um simplesmente uma ‘copia’ de outro país mais desenvolvido, que tem uma realidade bem diferente da nossa.

Há diversas empresas que seguem uma linha de construção de países europeus, onde não há necessidade de preocupação com a segurança do perímetro como no Brasil. Na verdade, em nosso país situação é bem outra. Temos um grande potencial energético extraordinário o que tem atraído muitos investidores, mas o problema é que há projetistas aqui que não se atentaram para o fato de que a segurança perimetral de uma usina solar, por exemplo, no Brasil é na verdade a parte mais importante do seu projeto. 

O que não deixa dúvida hoje é que o desenvolvimento expressivo nessas novas tecnologias (solar e eólica) foi bastante facilitado pela geografia e condições propícias para receber aportes. No passado foram investidos US$ 34,8 bilhões em fontes de energias renováveis, além de captura de carbono, hidrogênio verde e veículos elétricos. Até 2028, a projeção de investimentos para esses segmentos é de cerca de US$ 200 bilhões. E como essas alternativas de energia têm custo mais baixo, elas têm atraído outras empresas interessadas em fontes mais baratas. 

O fato concreto é que o setor elétrico está extremamente aquecido para construção de infraestrutura na geração, transmissão e distribuição de energia. São recursos fundamentais para a vida moderna por causa da infinidade de gadgets em uso como eletrodomésticos, celulares, computadores, além do sistema metroviário e ferroviário e agora os veículos automotivos que usam a eletricidade como fonte motriz. 

Muitas vezes quando algumas empresas investem no setor de energia e constroem uma usina fotovoltaica ou eólica, ou amplia subestações, priorizam a maior eficiência em geração, mas tradicionalmente fazem suas escolhas pelo preço, mesmo que ele tenha apenas uma pequena margem. O pensamento mais comum no investimento em eficiência enérgica é a sempre opção com menor custo e ponto final. 

O foco é a geração máxima de energia pelo mínimo em dinheiro. A grande complicação baseada neste conceito simples de retorno pelo menor valor é que o mercado não tem observado o setor de segurança perimetral como prioridade e há sempre a falsa ideia de que um ‘carro destrancado não vai ser roubado em locais desabitados ou isolados’. 

Na verdade, o roubo na infraestrutura energética abrange alguns aspectos singulares no Brasil. O primeiro é o prejuízo direto das instalações elétricas com os roubos de fios e cabos elétricos de cobre. Há o registro de uma companhia que perdeu cerca de 8 km de cabos num ataque a sua usina e convém ressaltar que estes tipos de produtos não são comprados no mercado usual. Então, vale refletir como seria o processo de receptação e quem ganha e perde neste comércio ilegal. Pela experiência no setor eletroeletrônico também se constatou que roubos de painéis fotovoltaicos costumam virar notícia na imprensa e o de fio não. 

De acordo com a consultoria Mordor Intelligence o tamanho do mercado de fios e cabos de distribuição de energia dos diversos tipos no Brasil é estimado em US$ 228,42 bilhões para este ano, e deverá atingir US$ 298,53 bilhões até 2029, expandindo 5,5%, de acordo com a Taxa Composta de Crescimento (CAGR) durante o período previsto (2024-2029).

É sabido no setor que o fio de cobre não é tão complicado de ser retirado das instalações e por outro lado existem bobinas que chegam a valer R$ 300 mil nas compras oficiais. Já houve uma outra ocorrência marcante com outros dispositivos de geração em que 160 painéis foram levados de uma vez de uma usina solar. Relatos que circulam no setor alertam que em algumas usinas fotovoltaicas de menor porte foram levados todos os seus cabos e placas solares. E inclusive houve uma usina que sofreu dois roubos significativos e acabou tendo que se retirar do negócio. 

O custo direto com o roubo da infraestrutura seria a primeira parte dessa situação crítica. A perda de equipamentos, assim sendo, pode produzir a interrupção total do fornecimento de energia ou parte dela. No caso da retirada dos cabos de cobre a interrupção geralmente é total. E cada dia parado significa uma perda expressiva no investimento de geração, porque simplesmente não se está produzindo o valor correspondente contratado. Enquanto o parque fotovoltaico não funciona, ele fatalmente está perdendo dinheiro. 

Uma perspectiva importante ainda é que o prejuízo no âmbito das subestações é muito grave, porque essas distribuidoras estão sob um contrato de fornecimento no qual a métrica é a continuidade do serviço. O descumprimento gera multas já que o acordado não foi entregue no período determinado. Além disso, é preocupante pensar que comunidades com 50 mil ou 100 mil pessoas no interior, precisam de energia para suas atividades e compromissos, e ter sua expectativa frustrada por um tempo mais longo. As subestações são, por consequência, grandes vítimas em roubos em razão dessa característica da sua operação. 

Existe ainda mais um inconveniente. Se a companhia de energia não investir em segurança ela pode ser roubada mais de uma vez. Os fios apanhados quase sempre estão no aterramento da fiação, porque são mais fáceis de serem arrancados ou estão mais visíveis. Depois do roubo, a falta de aterramento na subestação também pode provocar explosões e consequentemente gerar ainda mais prejuízos às vítimas. 

Em resumo, para se evitar essas dificuldades o investimento correto na segurança perimetral não tem alternativa e é o que irá impedir a interrupção total ou parcial da operação da empresa por roubo. Um sistema de resposta inteligente já inibe facilmente a maioria dos intrusos. As soluções de alta tecnologia perimetral por fibra óptica, por exemplo, detectam intrusões antes que elas ocorram com 100% de eficiência. Portanto, o modelo de segurança perimetral com fibra óptica garante total proteção e confiabilidade nas estruturas de geração, transmissão e distribuição de energia. 

Hoje, essas soluções avançadas com tecnologias de sensoriamento óptico para a proteção de perímetro e ativos do setor energético têm sido discutidas e atestadas como as mais inovadoras para o setor, inclusive em eventos técnicos que reúnem autoridades e grandes especialistas como o reconhecido Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE).   

*Alan Souza é Sales Enablement Specialist da Alfa Sense, deep tech especializada em desenvolvimento e fabricação de soluções avançadas em sensoriamento óptico no Brasil. ( https://www.alfasense.com.br/  ).

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Professor Ives Gandra: Andreia Tarelow

O professor e jurista Ives Gandra da Silva Martins completa, em 12 de fevereiro, 90 anos. É uma carreira longeva dedicada ao direito, à vida acadêmica e à análise dos principais temas que impactam o cenário político, econômico e social do Brasil. Sua trajetória é relevante em várias áreas, mas especialmente em direito tributário e constitucional. Autor de 87 livros individuais, Ives Gandra é membro da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Paulista de Letras e de outras instituições. Também é professor emérito da Universidade Mackenzie.

Sempre presente em inúmeros debates nacionais (reforma tributária, insegurança jurídica, aborto etc…), é reconhecido pela sua trajetória profissional, por suas várias obras jurídicas, especialmente nas áreas do direito tributário e constitucional, bem como por suas análises e reflexões, amplamente divulgadas na imprensa tradicional, em sites e blogs, por meio de diversos artigos.

Seu currículo é extenso. Advogado, jurista,  escritor (autor de 87 livros individuais – veja em https://gandramartins.adv.br/ives-gandra-da-silva-martins-livros-individuais/), professor, membro da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Paulista de Letras e de outras várias instituições, é professor emérito da Universidade Mackenzie. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), em 1958, onde também concluiu especialização em direito trib utário, em 1970, e em ciências das finanças, em 1971, no tempo em que não havia mestrado no Brasil. Tornou-se doutor em direito pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, em 1982. Integra 36 Academias, algumas das quais presidiu e é detentor de dezenas de títulos de “doutor honoris causa”. Tem livros e artigos publicados em 21 países em várias áreas.

Vale destacar sua contribuição como consultor em reformas legislativas e parecerista, influenciando marcos jurídicos relevantes no Brasil. Em 1987, participou de audiências públicas na Assembleia Nacional Constituinte, mantendo permanente contato com Ulisses Guimarães, Bernardo Cabral e notáveis constituintes que redigiram a nossa Carta Magna (1988). Elaborou pareceres decisivos sobre os Planos Collor I e II e sobre o impeachment dos ex-presidentes Collor e Dilma e comentou com Celso Bastos a Constituição brasileira em 15 volumes (em torno de 10.000 páginas).

Rotina profissional diária

Há mais de meio século, inicia seu dia participando de uma missa. Posteriormente, dedica-se a compromissos em uma das entidades que integra: Fecomercio, Fiesp, Associação Comercial de São Paulo, entre outras, onde participa, como palestrante ou debatedor, de eventos, seminários e congressos que avaliam a atual conjuntura nacional, sempre ao lado de renomados juristas.

É comum receber para almoço em sua residência políticos, autoridades e jornalistas.

À tarde, segue para o escritório, onde encontra colegas advogados, professores e autoridades. Faz sustentações orais nos tribunais superiores, participa de audiências públicas no Congresso Nacional, de bancas de doutorado e mestrado, concede entrevistas, despacha com suas secretárias, grava seu post diário para o Instagram Ives Gandra da Silva Martins (@ivesgandradasilvamartins) e, quinzenalmente, há 13 anos, grava o programa Anatomia do Poder, transmitido pela Rede Vida de Televisão.

Reflexões sobre o Brasil em 2025

Em um dos recentes textos que publicou, Ives Gandra Gandra debate a crescente polarização política e aponta uma insegurança jurídica que na visão dele é causada pelo protagonismo excessivo do Supremo Tribunal Federal (STF).”Há um protagonismo maior do Pretório Excelso a favor do presidente Lula, com invasões de competência do Poder Legislativo e hospedando pautas presidenciais, como de regulação das redes sociais, marco temporal, narrativas golpistas, etc. o que gera uma insegurança jurídica que intranquiliza parte considerável da população”. Mas ele não ataca os ministros e tampouco coloca em dúvida a competência dos ministros, a quem diz admira como juristas, mas diverge como magist rados.

O jurista aponta, ainda, em outro texto, a política econômica como um dos principais desafios do atual governo, destacando: “Entramos no denominado fenômeno econômico da ‘dominância fiscal’, em que nem mesmo uma rígida política monetária é capaz de sustar a inflação.”

Em outro  artigo, “O poder e as narrativas”, no qual menciona o seu livro “Uma breve teoria do poder” (4ª edição – prefaciada por Michel Temer), afirma: “…infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral e não obrigatoriamente necessário.”

Legado de uma vida dedicada à família, ao Direito e à Academia

Em sua vida pessoal, o professor é também admirado. Viúvo de Ruth Vidal Gandra Martins, com quem foi casado por quase sete décadas, é pai de seis filhos e avô dedicado. Seus seis filhos, todos bem-sucedidos, incluem Ives Gandra da Silva Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Angela Vidal Gandra Martins, ex-secretária da Família no governo Bolsonaro e atual secretária municipal de Relações Internacionais (São Paulo), Rogério Vidal Gandra da Silva Martins, advogado tributarista, atual titular do escritório Advocacia Gandra Martins, Regina Vidal  Gandra da Silva Martins Couto, jornalista, Roberto Vidal Gandra da Silva Martins autor do livro &ldq uo;Perestroika”, pela Resenha Universitária e “O Aborto no Direito Comparado” pela CEJUP, e Renato Vidal Gandra da Silva Martins, professor titular de matemática pura da Universidade Federal de Minas Gerais.

Ives Gandra é um torcedor apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. É conselheiro e um dos atuais 14 “cardeais” do Tricolor Paulista. É sócio do clube há 80 anos.

Ativo nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde possui mais de 500 mil seguidores, posta diariamente análises e comentários sobre o momento político e econômico nacional e internacional, além de fotos que revisitam passagens marcantes de sua vida e de sua carreira.

Às segundas-feiras, faz uma exceção em sua rotina no Instagram para declamar sonetos dedicados à sua esposa, Ruth Vidal Gandra Martins, que faleceu em 2021, aos 86 anos, em decorrência de complicações da Covid-19. Todos os 21 livros de poesia que publicou foram dedicados a ela.

A comemoração de seus 90 anos é uma oportunidade de revisitar seu legado e olhar para o futuro com as reflexões de um dos grandes pensadores do Brasil contemporâneo.

Ives Gandra da Silva Martins – Professor Emérito das Universidades Mackenzie, UNIP, UNIFIEO, UNIFMU, do CIEE/O ESTADO DE SÃO PAULO, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército – ECEME, Superior de Guerra – ESG e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região; Professor Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs-Paraná e RS, e Catedrático da Universidade do Minho (Portugal); Presidente do Conselho Superior de Direito da FECOMERCI O – SP; ex-Presidente da Academia Paulista de Letras-APL e do Instituto dos Advogados de São Paulo-IASP.

Informações para a imprensa e entrevistas – Gabriela Romão (11) 97530-0029

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Jonatas Leandro é VP de Inovação da GFT Technologies no Brasil

Jonatas Leandro

A revolução digital, impulsionada pela Inteligência Artificial (IA), está redefinindo radicalmente o mercado de trabalho, e a área de Tecnologia da Informação (TI) não é exceção. A demanda por profissionais qualificados nunca foi tão alta, mas apenas a capacidade de programar não é mais suficiente para garantir sucesso nessa área. O profissional de TI do futuro precisa ser um indivíduo multifacetado, capaz de navegar em um mar de dados e informações, e de entender as nuances da IA e da automação, para citar apenas duas tendências do presente.

A escassez de mão de obra qualificada em TI é um problema global, e a pandemia de COVID-19 apenas intensificou essa realidade. Segundo o relatório “Future of Jobs Report 2025”, do Fórum Econômico Mundial, 63% das companhias citam a falta de profissionais qualificados como impedimento para seu negócio avançar. O desafio de habilidades persiste em quase todos os setores e regiões geográficas, ficando em primeiro lugar em 52 das 55 economias e em 19 dos 22 setores analisados.

Além disso, a aceleração da digitalização em todos os setores da economia aumentou exponencialmente a necessidade por soluções tecnológicas inovadoras. Entretanto, aumentar o número de programadores não é a única resposta. É preciso formar profissionais mais completos, capazes de lidar com o desafio crescente dos sistemas e aplicações e se encarregar com o volume e a complexidade das tecnologias emergentes.

Há um aumento das tarefas intrincadas que os profissionais de TI devem ser capazes de desempenhar. Não basta mais apenas desenvolver códigos e sistemas. Se há 20 ou 25 anos era possível sobreviver conhecendo mainframe ou COBOL, hoje não basta conhecer Python ou Java para obter uma carreira estável e longeva. Agora é necessário também interagir e trabalhar com grandes volumes de dados. A automação, alimentada por IA, pode lidar com muitas tarefas repetitivas e operacionais, liberando a força de trabalho para tarefas mais criativas e de alto nível. Ela gera dados em uma velocidade sem precedentes, e os profissionais precisam não só entender esses dados, mas também ser capazes de analisá-los e tomar decisões estratégicas baseadas em informações processadas automaticamente.

Tudo isso nos mostra que os profissionais de TI precisarão ter habilidades em áreas como pensamento estratégico, design de soluções complexas e gestão de processos, além de dominar as ferramentas tecnológicas. A combinação de habilidades técnicas essenciais e criativas será um diferencial importante aos que desejarem se manter relevantes e competitivos no mercado de trabalho. Plataformas de aprendizado contínuo, certificações e redes de colaboração também serão cada vez mais essenciais para o desenvolvimento dos profissionais, garantindo que eles não apenas acompanhem as mudanças, mas também as liderem.

Do lado das organizações, a análise de dados e a IA estão transformando a maneira como elas operam. Não existe atualmente uma área de negócios que não possua uma camada digital. Da grande corporação ao vendedor de bala em ação em um semáforo e que aceita PIX: a tecnologia está presente, com foco central em eficiência e produtividade. Contudo, existe ao mesmo tempo uma demanda por avanços ainda maiores, com a falta de mais profissionais de TI exercendo um contraponto que freia uma maior velocidade no ambiente tech. Neste sentido, a IA pode ser vista como uma ferramenta de desafogo para diversos setores.

A IA é parte cada vez mais presente em nossas vidas, automatizando tarefas e tomando decisões complexas. Os profissionais de TI precisam entender como a IA funciona, quais são suas limitações e como utilizá-la de forma ética e responsável. Eles não serão mais apenas técnicos, mas também responsáveis por garantir que as soluções criadas sejam seguras, justas e transparentes. As competências em ética digital e governança serão essenciais, pois a habilidade de avaliar e mitigar riscos tecnológicos será um diferencial competitivo importante no futuro.

Além da formação técnica, o profissional de TI do amanhã precisa desenvolver habilidades sociais e de comunicação. A capacidade de trabalhar em equipe, de se comunicar de forma clara e concisa, e de entender as necessidades dos usuários são essenciais para o sucesso em qualquer projeto. Soft skills como a criatividade, a inovação e a capacidade de adaptação, também são altamente valorizadas pelas companhias.

O futuro da TI é promissor, porém também desafiador. A ascensão dos agentes de IA, que podem realizar tarefas complexas de forma autônoma, e o desenvolvimento da computação quântica, que promete revolucionar a capacidade de processamento de dados, vão exigir que os profissionais de TI se adaptem constantemente. Esta última, aliás, nos ajuda a esboçar um pouco mais a fundo o futuro.

A computação quântica promete transformar áreas como criptografia, otimização e simulação, o que exigirá dos profissionais de TI um novo conjunto de habilidades. Eles não apenas precisarão entender os princípios fundamentais da física quântica, mas também se especializar em linguagens de programação específicas e em arquiteturas quânticas que ainda estão em desenvolvimento. Este é um campo emergente, e quem estiver preparado para essa mudança poderá estar à frente de inovações disruptivas.

Ao mesmo tempo, estar preparado e ser protagonista do próprio desenvolvimento vale também para ferramentas hoje tidas como essenciais, como o machine learning, as redes neurais e os sistemas de recomendação. A habilidade de trabalhar com IA, seja para integrar soluções em processos de automação, seja para melhorar a experiência do usuário, é uma competência que não pode ser ignorada nem um minuto a mais.

Desta forma, para se manterem relevantes no mercado de trabalho, os profissionais de TI precisam investir em aprendizado contínuo. A tecnologia evolui rapidamente, e é fundamental acompanhar as últimas tendências e novidades do setor. A busca por cursos de especialização, participação em eventos e comunidades online são algumas das formas de se manter atualizado.

A área de TI é dinâmica e exige adaptação constante, mas as recompensas são grandes. A IA, a automação e a computação quântica geram um novo cenário, no qual habilidades tradicionais precisam ser complementadas com uma abordagem mais holística, ética e estratégica. Aqueles que souberem se adaptar a essas mudanças e adquirir as competências certas estarão bem-posicionados para desempenhar papéis de liderança nas inovações tecnológicas que estão por vir. O mercado de TI está se transformando, e os profissionais que conseguirem se reinventar serão os protagonistas dessa nova era.

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Ricardo Citrangulo, VP Comercial de Varejo Alimentar da Rock Encantech

A Inteligência Artificial (IA) está deixando de ser uma tendência para se consolidar como uma força transformadora nas operações empresariais. Na NRF 2025, o impacto da automação baseada em IA foi amplamente discutido, revelando seu potencial para aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a experiência do usuário. 

Participei de diversas conversas enriquecedoras que destacaram como a automação está moldando o futuro dos negócios, trazendo inovação para processos que antes dependiam exclusivamente de intervenção humana. 

Saindo da teoria

Entre os exemplos apresentados no evento, alguns se destacam pela aplicação direta e os resultados significativos: 

  1. Finanças e reconciliação: a automação de processos financeiros está ajudando empresas a minimizar erros e liberar equipes para tarefas estratégicas. Um sistema automatizado pode validar transações e gerar relatórios precisos em um ritmo que seria impossível manualmente.
  2. Integração de colaboradores: grandes empresas como PepsiCo estão utilizando automação para agilizar a integração de novos funcionários, eliminando barreiras burocráticas e garantindo produtividade desde o início.
  3. Cadeia de suprimentos: com a automação, processos como o upload de dados de pedidos são otimizados, reduzindo atrasos e melhorando a eficiência operacional.
  4. Gestão de conhecimento: sistemas de IA generativa permitem criar bases de conhecimento inteligentes, organizando informações de forma acessível e respondendo a dúvidas de forma contextual, o que melhora o fluxo de informações internas.

Desvendando o futuro

A implementação da automação com IA, embora promissora, apresenta desafios consideráveis. Modelos precisam ser ajustados para as necessidades específicas de cada organização, exigindo esforços em treinamento e governança de dados.  

Além disso, a qualidade dos dados é fundamental. Dados inconsistentes ou incompletos podem comprometer a eficácia dos sistemas automatizados, subestimando seu verdadeiro potencial. 

Uma abordagem recomendada é começar pequeno. Projetos-piloto de alto impacto, mas simples, ajudam a demonstrar o valor da automação. Ao analisar os resultados e propor melhorias, é possível criar confiança e expandir a escala dos esforços. 

A combinação da IA generativa com gestão de dados estruturados e não estruturados representa o próximo salto evolutivo. Imagine sistemas capazes de responder a perguntas complexas, como análises de desempenho de vendas em regiões específicas, em segundos. Esse futuro já está sendo moldado por empresas que priorizam governança, segurança e design centrado no usuário. 

A automação não é apenas uma ferramenta tecnológica, mas um catalisador de mudanças estruturais que reconfiguram processos e abrem caminho para inovações ainda maiores. Investir na integração dessas soluções significa, acima de tudo, preparar sua organização para os desafios e oportunidades do amanhã. 

Ao adotar essa tecnologia de forma estratégica e ética, as empresas podem não apenas otimizar processos, mas também alcançar um nível de excelência operacional que define os líderes de mercado.

*Ricardo Citrangulo, VP Comercial de Varejo Alimentar da Rock Encantech, primeira encantech do varejo brasileiro e referência em soluções para engajamento de clientes na América Latina.

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Por Wander Silveira, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Flexível

A indústria química é fundamental para atender às necessidades da sociedade. O setor fornece a grande maioria dos materiais para todos os produtos fabricados e à medida que os produtos químicos se tornam mais sustentáveis há um efeito multiplicador significativo nas demais cadeias.

Quando a indústria química reduz as suas próprias emissões e investe em ações como eficiência energética, adoção de energia limpa e renovável, faz o consumo responsável de água e usa os recursos naturais de forma consciente. O setor consegue ser mais eficiente, sustentável e colabora para a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE).  

Isso é importante, pois segundo a Fundação Ellen MacArthur, criada com o objetivo de acelerar a transformação para uma economia circular, 55% das emissões de gases do efeito são provenientes do uso de combustíveis fósseis.  

Mas os esforços para enfrentar a crise climática não podem ficar concentrados na transição para energias renováveis e eficiência energética, já que os demais 45% são provenientes da produção de alimentos e bens de consumo duráveis e não-duráveis e é aqui que a indústria química mais pode contribuir.  

Quando o setor cria políticas de gestão de resíduos, desenvolve materiais biodegradáveis e/ou recicláveis, adota ações de logística reversa e faz a gestão apropriada de resíduos, é criada uma cadeia de valor que impacta seus clientes e o consumidor final.  

Inovação e sustentabilidade

As empresas que estão preocupadas com a sustentabilidade investem em tecnologias de baixo carbono e no desenvolvimento de produtos feitos a partir de materiais de base renovável. Exemplos como o plástico feito a partir de cana-de-açúcar e o poliol, produto que compõem o poliuretano, feito a partir de ésteres graxos ou ácidos graxos de origem vegetal, como resíduos do agronegócio, são produzidos pela indústria química e adotados pelos setores clientes.    

Mas para que esses avanços sejam bem-sucedidos é necessário garantir o progresso dos produtos feitos com base renovável entre as indústrias da cadeia de valor. As empresas, clientes do setor químico, precisam ter o interesse em adotar os produtos de base renovável e que geram menos impacto ambiental na sua produção e na da própria indústria química. E os consumidores precisam estar cientes de que produtos feitos com base em materiais renováveis e resíduos de outros setores produtivos estão disponíveis no mercado e oferecem a mesma qualidade que os produtos feitos a partir de petroquímicos.  

A sustentabilidade não deve focar apenas na preservação do meio ambiente. A melhora de processos para torná-los mais eficientes e a criação de produtos inovadores e sustentáveis, de forma a não comprometer os recursos naturais no futuro e não prejudicar o meio ambiente, é importante.  

Ao mesmo tempo, a inovação precisa continuar sendo viável financeiramente para que seja possível investir em pesquisa, pois apenas dessa forma o setor é capaz de desenvolver produtos cada vez mais sustentáveis, que ajudam toda a indústria a estar preparada a atender as futuras demandas da sociedade.

Benefícios e parceria

Além dos benefícios ambientais, o investimento na sustentabilidade também pode trazer benefícios econômicos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) a utilização mais eficaz dos recursos naturais pode injetar US$ 2 trilhões na economia global em 2050.  

E de acordo com o relatório Planet Positive Chemicals, do Center for Global Commons, da Universidade de Tóquio, a transição global para uma economia circular e com zero emissões é uma oportunidade para a indústria química aumentar o volume de produção anual em duas vezes e meia até 2050. Ao criar soluções que possibilitem outros setores transitarem para uma economia de baixo carbono seria possível criar, a nível global, 29 milhões de novos empregos, sendo 11 milhões na indústria química.

Este ganho pode ser alcançado através do aumento do volume de negócios proveniente de novas atividades como o desenvolvimento, a produção e a manutenção de produtos circulares e que requerem uma mão-de-obra especializada.  

Além disso, novos modelos de negócios circulares centrados na reutilização, reparação e refabricação oferecem oportunidades de inovação significativas para as empresas aproveitarem e redesenharem a sua abordagem empresarial maximizando as reduções de emissões e mantendo-se competitivas.

Para que a adoção de uma economia mais circular aconteça é necessário aumentar colaboração entre a indústria química, que precisa conhecer as dificuldades e necessidades, e a cadeia produtiva. Ao ajudar os fabricantes a adotarem a circularidade, as empresas químicas tornam-se parceiros capazes de ajudar as marcas a responder rapidamente às mudanças legais e as preferências dos consumidores.

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As usinas elétricas de pequeno porte surgiram no final do século XIX e a primeira residência a ser abastecida por energia elétrica foi do inventor Lord Armstrong, em 1878, em Northumberland, na Inglaterra. Partiram do princípio da roda d’água utilizada por gregos e romanos para girar maquinários. No entanto, utilizava-se água em queda livre para gerar energia, provinda de desníveis naturais do solo de rios, represas e cachoeiras. 

Outra forma de gerar eletricidade é a partir de recursos naturais como com a força dos ventos, conhecida como energia eólica. Em 1887, na Escócia, o professor James Blyth instalou uma torre de dez metros de altura no jardim de sua residência, produzindo energia para iluminar o local. Daí para frente, aerogeradores (enormes turbinas eólicas) são instalados estrategicamente onde há mais constância de ventos fortes, como em regiões litorâneas, para captação de ventos e conversão em eletricidade. 

Memos com várias possibilidades diferentes de geração de energia, muitos países carecem de recursos naturais para geração de energia de maneira sustentável. Nesse sentido, como opção para países carentes de outras fontes energéticas para gerar eletricidade, criou-se a usina termelétrica – instalação industrial utilizada para a geração de energia elétrica através de um processo que libera energia pela queima de algum tipo de combustível. No entanto, esse é um tipo de energia suja, dada às fontes de calor utilizadas, como bagaços, madeira, óleo combustível, óleo diesel, gás natural, carvão natural e urânio enriquecido. 

Para o futuro a produção de energia vem ganhando uma tendência irreversível – e melhor, ao alcance do comércio, da indústria e de moradores residenciais. A energia fotovoltaica, conhecida popularmente como energia solar, é uma fonte de energia renovável proveniente do sol, considerada uma alternativa limpa por não emitir gases de efeito estufa. 

A primeira célula fotovoltaica surgiu em 1954, nos Estados Unidos, dando início à utilização dos painéis solares já em 1958. Porém, no Brasil, essa inovação só chegou em 2011 com a construção da usina de energia solar de Tauá, localizada no Estado do Ceará, porém, de lá para cá o setor elétrico compreendeu e se rendeu ao potencial desta opção de geração e têm sido um dos principais impulsionadores do crescimento da energia fotovoltaica nos últimos anos. Isso também se deve, em grande parte, às mudanças regulatórias que incentivam a adoção de fontes de energia renovável, como a solar, segunda maior fonte energética do Brasil. 

Com o aumento da adoção da energia solar, o setor elétrico tem a oportunidade de diversificar sua matriz energética e reduzir sua dependência de fontes de energia não renovável. Dessa forma, a energia solar pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e contribuir para a luta contra as mudanças climáticas. 

Os governos de vários países têm estabelecido políticas de incentivo à energia solar, como a criação de programas de subsídios e a implementação de incentivos fiscais. Essas políticas têm incentivado empresas e consumidores a realizar investimentos em painéis solares e outras tecnologias de geração de energia solar. Não à toa, dados recentes divulgados pela IRENA (Agência Internacional de Energias Renováveis), apontam que o Brasil se tornou o 8º maior gerador de energia solar do mundo. 

Após a implantação da Lei 14.300/2022, conhecida como Marco Legal da Geração Distribuída, a expectativa é de um crescimento ainda mais acelerado a curto prazo, visto a segurança jurídica que a lei proporciona. Diante desse fato, buscam-se cada vez mais alternativas limpas, que são extremamente benéficas ao planeta e a população. A construção de mais usinas solares vem crescendo constantemente, acompanhando a demanda que aumenta proporcionalmente. Segundo dados da Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o país ultrapassou a marca de um milhão de consumidores que geram a própria energia através de fonte solar. Com projeções altas, a previsão para este ano é que sejam injetados R$ 50 bilhões na economia do país. 

Ainda, conforme dados do setor, as gerações de energia solar ultrapassaram 17 GW, o que representa mais de 8% da capacidade total instalada na matriz energética brasileira, criando oportunidades no segmento com a geração de mais de 500 mil novos empregos. 

De acordo com o levantamento do Global Market Outlook for Solar Power 2022-2026, a capacidade solar global dobrou nos últimos três anos, alcançando a marca de 1 terawatt, em abril de 2022, e a previsão é dobrar para 2,3 TW em 2025. O estudo acrescenta ainda que a energia advinda do sol é a renovável de mais rápido crescimento, representando mais da metade dos 302 GW de capacidade limpa instalada internacionalmente em 2021. 

O Brasil segue líder no mercado do segmento na América Latina, com estimativa de se tornar um dos principais players globais nos próximos anos, projetando alcançar 54 gigawatts (GW) de capacidade solar total até 2026. A demanda atual por essa inovação transfere esse legado para o futuro, aderindo a produção da própria energia, economizando, além do recurso financeiro, nossos recursos naturais. 

O gerente-geral da KRJ, Marcelo Mendes, que desenvolveu e lançou um conector para o mercado de energia solar, justifica o posicionamento da indústria como oportunidade de mercado. “A cada dia o mercado de energia solar registra um novo recorde de usinas instaladas e de empresas atuantes, entretanto, somente de 2 a 3% dos consumidores fazem uso dessa energia solar, mas a tendência é que, gradualmente, isso se torne mais acessível a todos”, diz Mendes, acrescentando que na matriz energética do país, a energia solar já é a segunda com maior capacidade de geração, só perdendo para as hidrelétricas. 

Com sua política definida, o setor elétrico segue aumentando progressivamente seus investimentos em infraestrutura para a integração de fontes de energia renovável na rede elétrica. Esses investimentos incluem a construção de novas linhas de transmissão e subestações, além do desenvolvimento de sistemas de armazenamento de energia para garantir a confiabilidade do fornecimento de energia, e o desenvolvimento de modernos conectores elétricos, componente fundamental para a instalação solar, proporcionando a transmissão de energia de forma segura e eficaz. 

A energia solar segue conquistando cada vez mais espaço na matriz energética brasileira, não só pela sustentabilidade, mas porque em toda a extensão territorial, o Brasil tem uma ótima incidência de raios solares. 

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Por que reciclamos tão pouco?

Icone Sem categoria | Por em 3 de dezembro de 2024

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Por Isabela Bonatto

Quando se discutem soluções que promovem a economia circular e protegem o meio ambiente, é crucial evitar termos como “difícil”. Por outro lado, ao se deparar com resultados insatisfatórios, é comum identificar as dificuldades e reconhecer que o processo pode não ser fácil, a fim de encontrar soluções.

A reciclagem vive esse paradoxo. Deve-se, então, abordar a verdade? Revelar as baixas taxas de reaproveitamento de materiais ou, ao contrário, incentivar a ideia de que se está avançando? Embora dados precisos sejam fundamentais para debater cenários e buscar melhorias, eles não devem desmerecer o processo. Não há como negar que a reciclagem é um elo fundamental da economia circular. Através dela, é possível recuperar matéria-prima, gerar novos insumos, reduzir a extração de recursos virgens e minimizar impactos ambientais, além de contribuir para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa. A reciclagem deve, sim, ser incentivada, valorizada e considerada uma peça-chave na gestão sustentável de resíduos.

No entanto, existem vários desafios para aumentar a porcentagem de materiais reciclados no Brasil e no mundo. Ainda assim, a reciclagem continua sendo essencial para a economia circular. Embora não figure como prioridade na hierarquia de gestão de resíduos, é imprescindível reconhecer seus benefícios. É necessário entender os gargalos em determinados segmentos ou materiais, pois a apresentação de números negativos sem a devida contextualização pode gerar um falso diagnóstico, dificultando uma discussão mais séria entre o poder público e a sociedade.

Por isso, é necessário examinar os dados atuais, que, embora não sejam tão motivadores, ajudam a entender melhor por que a reciclagem ainda não alcançou o sucesso desejado, permitindo, assim, a busca por soluções adequadas. 

No Brasil, embora não haja um consenso oficial entre as diferentes fontes de pesquisa, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), ISWA, Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estima-se que apenas 4% a 9% dos materiais descartados sejam reciclados. 

Infelizmente, a América Latina e a África são as regiões que menos reciclam no mundo, com taxas em torno de 4%, enquanto a média global é de 13,5%. A maior parte dos resíduos continua sendo destinada a locais inadequados.

Curiosamente, países com níveis de desenvolvimento e renda semelhantes aos do Brasil, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, apresentam taxas de reciclagem na faixa de 16%. Então, onde está a falha? Em comparação com países desenvolvidos, a distância é ainda maior. 

Na Alemanha, por exemplo, a reciclagem atinge quase 70%, consolidando-se como o maior reciclador da União Europeia, com uma taxa estimada de 69,1% em 2022. Na União Europeia, oito países reciclam mais de 50% de seus resíduos municipais, enquanto outros, como Chipre, Romênia e Malta, registram taxas abaixo de 20%.

O Brasil possui grande potencial para aumentar seus índices de reciclagem, mas enfrenta diversos fatores que contribuem para a estagnação. Entre eles:

  • Falta de infraestrutura e coleta seletiva adequada: Menos de 20% da população tem acesso a um sistema eficaz, devido à carência de planejamento e infraestrutura nas prefeituras; 
  • Falta de conscientização: Apesar do aumento do debate sobre resíduos, poucas cidades tratam o tema com seriedade. A falta de investimento em educação impede muitos cidadãos de separarem seus resíduos corretamente;  
  • Escassez de políticas públicas e privadas: A regulamentação, fiscalização e parcerias para o tratamento de resíduos sólidos são limitadas; 
  • Desinteresse político e má formulação de contratos e impostos: A má formulação de contratos e a alta tributação sobre materiais reciclados desincentivam a coleta seletiva, onerando ainda mais a reciclagem; 
  • Custo elevado da coleta seletiva: A coleta seletiva é pelo menos quatro vezes mais cara e depende de infraestrutura adequada e participação da população; 
  • Dificuldade em valorizar o setor informal: A maioria dos materiais reciclados no Brasil é coletada por catadores, que enfrentam remuneração baixa e priorizam materiais de maior valor; 
  • Desafios com embalagens e design: Muitos materiais são mal projetados, dificultando sua reciclagem. A indústria de embalagens ainda não se ajustou totalmente à cadeia de reciclagem, e a introdução de novos materiais pode agravar os problemas existentes;

Os desafios enfrentados pela reciclagem no Brasil exigem atenção e ações coordenadas para promover melhorias. Embora existam obstáculos, também há soluções viáveis que podem tornar a reciclagem mais competitiva em relação às matérias-primas virgens, além de mecanismos que valorizem as indústrias que utilizam materiais reciclados. A evolução tecnológica pode otimizar os processos de coleta e triagem, enquanto a valorização da economia circular abre oportunidades para novos negócios e inovações.

É crucial reconhecer o trabalho daqueles que atuam na linha de frente da reciclagem, pois cada avanço contribui para um sistema mais eficiente e sustentável. A transição para uma economia circular requer a colaboração de governos, empresas e sociedade. Com comprometimento e esforço conjunto, é possível superar os desafios e construir um futuro mais consciente e ambientalmente responsável.

Isabela Bonatto é embaixadora do Movimento Circular e possui doutorado e mestrado em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina, além de MBA em Gestão Ambiental. É consultora socioambiental com foco em gestão de resíduos, Economia Circular e sustentabilidade corporativa, e tem experiência em diversos setores, incluindo ONGs e instituições internacionais

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SEJA RELEVANTE

A Globant, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras, realizou com sucesso uma nova edição de seu principal evento: Globant Converge 2024.

Sob o título ‘CONVERGE AI: Disrupt, Delight, Connect’, o evento, realizado no último dia 21.11 em Las Vegas, reuniu líderes do setor, especialistas em tecnologia e empreendedores inovadores do mundo todo para compartilhar suas visões sobre o futuro da Inteligência Artificial (IA) e como ela impactará o dia a dia de qualquer ser humano ou empresa.

Um dos diferenciais deste evento são as figuras influentes do mercado que participam para darem seu ponto de vista na implementação de novas tecnologias em seus negócios.

Entre os mais notáveis ​​estavam Marcos Galperin, fundador e CEO do Mercado Livre; Stefano Domenicali, presidente e CEO da Fórmula 1; Christopher Young, vice-presidente executivo da Microsoft; Javier Tebas, presidente da LaLiga; Martin Wezowski, futurista-chefe da SAP; John Fanelli, vice-presidente de software empresarial da NVIDIA; Cassie Kozyrkov, CEO da Data Scientific; e Gwyneth Paltrow, fundadora e CEO da Goop.

“Reunimos a nossa comunidade de empreendedores, tecnólogos, pensadores e até artistas para discutir a transformação que a tecnologia mais recente está causando no seu ambiente e como pode moldar a sua criatividade”, disse Martín Migoya, CEO da Globant.

Abaixo, destacamos os seis marcos mais importantes desta edição:

1. IA, criatividade e marketing podem convergir?

Um dos principais eixos desse evento foi a fusão exponencial entre IA, criatividade e marketing. Em diferentes passagens, diversos líderes discutiram como as tecnologias de IA Generativa (GenAI) estão revolucionando o marketing, permitindo uma personalização sem precedentes e criando experiências altamente individuais para os consumidores. Foi destacado que, embora 90% das nossas decisões ocorram no subconsciente, as ferramentas de Inteligência Artificial têm a capacidade de influenciar com precisão e eficiência.

2. The intuit dome: a revolução nos estádios esportivos

Outro pilar foi a IA aplicada à experiência dos torcedores no setor de entretenimento, jogos e esportes, especialmente na construção do Intuit Dome, arena sede do time de basquete LA Clippers. Para os especialistas, sem dúvida, esse estádio é considerado um dos casos emblemáticos de reinvenção da experiência do torcedor, integrando o melhor da tecnologia e um design disruptivo para oferecer uma participação imersiva e única nos estádios esportivos.

Entre as principais funcionalidades, está o reconhecimento facial utilizado para entrar no estádio, acessar a praça de alimentação e ter uma experiência personalizada no setor de jogos.

3. IA e o futuro da mídia e do entretenimento

Um dos painéis discutiu como a Inteligência Artificial pode transformar a forma como consumimos mídia e entretenimento, destacando 300 versões diferentes do mesmo documentário usando a IA, o que permite diversas perspectivas sobre a mesma história. Em contrapartida, foram alertados os desafios de qualidade que podem surgir ao delegar a criação de conteúdos em sistemas de Inteligência Artificial, bem como as implicações jurídicas.

Além disso, foram abordadas questões sobre como a IA está ajudando a criar novas sinopses e narrativas, como o novo documentário do músico e compositor Brian Eno – conhecido por fazer parceria com David Bowie, U2 e Talking Heads, entre outros, que foi reescrito em diferentes versões a partir da IA para ampliar as possibilidades criativas na indústria cinematográfica.

4. Quidiyya City, visão saudita para 2030 e a cidade do entretenimento

Sem dúvida, a apresentação e exposição do conceito disruptivo da cidade de Quidiyya, da Arábia Saudita, formada para ser dedicada ao entretenimento, foi uma das atrações que mais chamou a atenção das pessoas no evento. Localizada a apenas 40 minutos de Riad, capital do país, essa cidade se tornará um centro global de esportes eletrônicos, jogos e entretenimento.

Esst projeto enquadra-se na ‘Visão Saudita 2030’, cujo objetivo é promover reformas transversais no sistema social, educativo e económico do país, diversificando a economia e reduzindo a dependência do petróleo. Nesse sentido, a cidade de Quidiyya será maior que Orlando, nos Estados Unidos, e terá estádios, museus, pistas de skate e, logicamente, tecnologia de ponta, como semáforos inteligentes e transporte autônomo. Sem dúvida, esta cidade pretende afirmar-se como a cidade inteligente mais avançada do planeta.

5. O impacto da IA: onde estamos e para onde vamos?

A Inteligência Artificial não está apenas mudando as experiências na indústria do entretenimento, mas também diversos aspectos diários. Nesse sentido, foram apresentados numerosos exemplos sobre como a IA pode reinventar setores-chave como os de transportes, e a medicina e a saúde.

Em particular, foi destacada a utilização da visão computacional para ajudar os patologistas a detectarem doenças como o cancro de forma rápida e eficiente. Entretanto, foi reiterado que, embora a IA já seja utilizada há muito tempo, o recurso só se tornou um mecanismo acessível para qualquer ser humano graças ao crescimento exponencial de ferramentas como o ChatGPT.

Da mesma forma, foi destacada a importância de empresas e startups medidas de segurança robustas que se alinhem com as regulamentações impostas pelos governos, especialmente na União Europeia.

6. O papel fundamental da tecnologia na Fórmula 1

O esporte e a tecnologia foram protagonistas no Globant Converge 2024. Em intervenção especial, o piloto argentino Franco Colapinto explicou detalhadamente como tecnologia, software e hardware estão ligados à estratégia de cada equipe na Fórmula 1, incorporando inovações tecnológicas nos carros, desde botões para economizar energia elétrica até a possibilidade de modificar a distribuição da frenagem em tempo real.

Nesse sentido, a interseção entre esporte e tecnologia busca transformar e aprimorar experiências digitais em eventos para fãs de F1 e principais interessados, incluindo o sistema de entrega de conteúdo usado no Pit Wall, espaço, onde são posicionados os equipamentos estratégicos para analisar dados em tempo real para gerar decisões informadas durante a corrida, como desgaste dos pneus e consumo de combustível.

“Recentemente, temos nos concentrado na IA devido à magnitude da sua mudança, que será desencadeada em todos os setores da nossa sociedade. Empresas, governos e todos os tipos de organizações terão que repensar a forma como interagem com os seus cidadãos e clientes, além de reimaginar a forma como administram seus negócios aproveitando essas novas tecnologias de Inteligência Artificial”, concluiu Migoya.

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Por Mario Vollbracht, vice-presidente de produtos ao consumidor e varejo da Siemens Digital Industries Software

Globalizada e altamente competitiva, o setor de produtos embalados ao consumidor (CPG, na sigla em inglês) continua resiliente. No entanto, tendências emergentes devem causar um impacto significativo na demanda e potencialmente gerar novos fluxos de receita. Mudanças nas preferências do consumidor, o aumento da concorrência com a redução das barreiras de entrada no mercado e a população crescente em todo o mundo transformaram os mercados. Enquanto isso, os varejistas criaram suas próprias marcas formidáveis com linhas de produtos de marca própria, o que forçou os fabricantes de marcas a ajustar seus preços, aumentando ainda mais a pressão em suas margens de lucro.

As empresas de CPG estão enfrentando essas preocupações de concorrência enquanto buscam melhorar as margens de lucro, atender às regulamentações e atender às demandas dos consumidores por maiores níveis de sustentabilidade e transparência em todo o ciclo de vida do produto.

Para lidar com essa infinidade de desafios e o cenário em constante mudança do setor de CPG, é necessária uma evolução de processos e tecnologias. É por isso que as organizações com melhores desempenhos desse setor começaram a digitalizar suas operações. A transformação digital é uma maneira importante de promover o crescimento, aumentar a eficiência e garantir resiliência à medida que a concorrência aumenta e os consumidores evoluem.

Mudanças nas demandas do consumidor

Os desejos do consumidor nunca foram consistentes, mas hoje há muitos fatores interessantes que afetam essas demandas, o que aumentou a fragmentação do mercado e causou a proliferação de novas marcas e unidades de manutenção de estoque (SKUs, na sigla em inglês), por isso é importante entender esses fatores.

Primeiro, as empresas de CPG estão mirando o segmento de mercado da Geração Z. Estudos indicam que cerca de 38% da Geração Z está disposta a experimentar novas marcas e comprar produtos mais saudáveis, sustentáveis, transparentes e inovadores de várias empresas, representando um aumento em comparação com outras gerações.

Outros fatores incluem a aceleração das compras online e iniciativas como “coma em casa”, que tiveram um impulso considerável durante a COVID. Esses fatores estão forçando as empresas a reformular seus portfólios de produtos. De acordo com um relatório recente da Grand View Research, o setor de kits de refeições nos Estados Unidos pode apresentar a taxa de crescimento anual composta de 15,3%, atingindo quase US$ 64 bilhões até 2030. As vendas de kits de refeições em plataformas online representam atualmente mais de 63% desse mercado.

Um dos maiores fatores que afetam as demandas do consumidor é que a ONU prevê a população mundial de 8,6 bilhões em 2030 – com a maior parte desse crescimento impulsionada por mercados emergentes e em desenvolvimento. Consequentemente, muitos desses consumidores terão renda limitada, pois estudos do Banco Mundial estimam que 47% da população global vive com menos de US$ 6,85 por pessoa por dia.

Para gerenciar esses fatores, as empresas de CPG terão que acelerar a chegada ao mercado de seus produtos e ser mais responsivas às demandas do consumidor, garantindo ciclos de NPI (introdução de novos produtos) mais curtos e amplos. Para fazer isso, as empresas devem integrar digitalmente todo o ciclo de vida para eliminar os silos de departamentos e permitir o fluxo de informações e dados para todos os grupos envolvidos. Isso requer mais do que a adoção de algumas ferramentas digitais ou a digitalização de certos aspectos do processo, pois a digitalização de todo o processo de desenvolvimento de produtos é essencial para o sucesso.

Fábricas flexíveis para produção flexível

O cenário em constante mudança de inovação, produtos personalizados, comércio eletrônico acelerado e mudanças comerciais também estão colocando muita pressão sobre as fábricas e suas operações de produção. O CPG é uma indústria altamente automatizada, então parece bem posicionada para atender ao cenário em constante mudança. No entanto, a maioria das empresas de CPG implementou seus sistemas de automação entre as décadas de 1980 e 1990. Seu principal objetivo naquela época era produzir grandes lotes de produtos da forma mais eficiente possível. Quarenta anos depois, essas mesmas máquinas e sistemas de automação têm dificuldade para se adaptar às mudanças contínuas nos produtos. Isso ocorre em parte porque eles não estão equipados com tecnologias modernas que auxiliam na conectividade e flexibilidade, como IoT e IA. 

Hoje, as fábricas precisam ser capazes de fabricar um número maior de produtos e variantes de produtos. Quando uma receita de produto recém-atualizada chega à fábrica, as empresas precisam ser capazes de atualizar e/ou reconfigurar todo o processo de produção de forma rápida e fácil – da automação da linha às máquinas. Os fabricantes precisam de sistemas de produção e máquinas que possam garantir velocidade e qualidade, além de flexibilidade para que possam se adaptar rapidamente às mudanças do mercado. Não importa se uma empresa está construindo uma fábrica nova ou modernizando fábricas atuais, é fundamental introduzir flexibilidade no ecossistema de manufatura.

Existem várias maneiras de aumentar a flexibilidade da produção. A tecnologia de gêmeo digital – combinada a soluções de planejamento de manufatura e operações de manufatura – no início do ciclo de vida do produto, permite prever a viabilidade e o desempenho da produção, minimizando os tempos de interrupção da produção e garantindo a qualidade. Um dos últimos avanços na área de automação é o uso de controladores lógicos programáveis (PLC) virtuais. As organizações podem fazer o download de PLCs virtuais na forma de aplicativos de borda e integrá-los diretamente ao ambiente de TI, modernizando fábricas ou linhas de produção mais antigas.

As linhas e os equipamentos de produção também desempenham papéis importantes na melhoria da flexibilidade da produção. Novas máquinas inteligentes geralmente têm designs flexíveis e modulares que facilitam a integração em linhas de produção e podem se adaptar para executar várias tarefas. Essas novas tecnologias são aplicadas a essas máquinas por meio da computação de borda, onde podem executar software no nível da máquina — incluindo aplicativos de IA. As máquinas habilitadas para IoT podem aumentar a conectividade, facilitando a integração, e podem até automatizar algumas tarefas de engenharia.

Como lidar com as complexidades da cadeia de suprimentos

Os riscos da cadeia de suprimentos continuam um problema para os CPGs. Oscilações no preço do petróleo, crises políticas e guerras impactam negativamente as rotas tradicionais de fornecimento, forçando as empresas a analisar estrategicamente seus portfólios de produtos, procurar alternativas e avaliar novas opções de fornecimento. Com frequência, as empresas optam pelo nearshore, isto é, fabricar produtos perto do consumidor para encurtar as cadeias de fornecimento.

Além disso, obstáculos podem surgir relacionados ao clima que podem dificultar a melhoria das margens de lucro. A digitalização da cadeia de suprimentos para construir uma “torre de controle central” pode resolver esses desafios. Soluções flexíveis de planejamento da cadeia de fornecimento fornecem informações em tempo real sobre custos de envio, tarifas e materiais, permitindo decisões mais acertadas.

Porém, as torres de controle digitais resolvem apenas parte do desafio da cadeia de suprimentos. A contaminação, por exemplo, é uma preocupação crescente na indústria de alimentos e bebidas e geralmente é causada por falhas na cadeia de suprimentos. A segurança dos CPGs também está se tornando cada vez mais importante, pois regulamentações rigorosas específicas da região ou do país influenciam as práticas. Mesmo assim, os incidentes de intoxicação alimentar estão aumentando, com uma estimativa de 1 em cada 10 pessoas adoecendo por causa do consumo de alimento contaminado em todo mundo a cada ano. Muitos casos de intoxicação alimentar são causados por problemas na cadeia de suprimentos, com os ingredientes agrícolas e produtos alimentícios finais sendo os mais susceptíveis.

Independentemente da aquisição de materiais localmente ou no exterior por parte das empresas de CPG, sempre existirá o risco de interferências na cadeia de suprimentos. A rastreabilidade dos ingredientes e produtos finais é a única maneira de certificar a segurança e legitimidade dos produtos. No caso de um problema de contaminação, a rastreabilidade permite determinar rapidamente a fonte.

As soluções integradas de gerenciamento do ciclo de vida disponíveis hoje permitem desenvolver um backbone digital robusto, que pode fornecer rastreabilidade completa dos produtos. A tecnologia de blockchain, por exemplo, armazena imutavelmente dados de rastreabilidade e eventos, fornecendo aos grupos envolvidos uma única fonte de informações geradas a partir de dados seguros que não podem ser substituídos ou alterados. Isso cria uma pegada digital para a verificação e validação de informações. Associada à IoT, a tecnologia blockchain pode fornecer insights “da fazenda à mesa”, ajudando a eliminar o erro humano e aumentando a transparência em uma cadeia de suprimentos complexa de múltiplas camadas.

Preparando-se hoje para os problemas de amanhã

Muitas empresas no setor de CPG estão relutantes em aprimorar e digitalizar seus processos por meio de software e automação. O setor teme que a implementação de novas tecnologias possa afetar os tempos de interrupção e aumentar os custos operacionais. Embora pareça segura a ideia de continuar a ”fazer as coisas do jeito que sempre foram feitas”, na realidade não é. O cenário atual exige uma revolução na forma como as empresas desenvolvem, fabricam e fornecem seus produtos.

O setor de CPG precisa implementar soluções digitais novas, flexíveis e escaláveis para atender às suas metas atuais e futuras, enquanto supera obstáculos que devem se tornar ainda mais complexos com o aumento da população, a evolução dos ecossistemas e as novas tendências. Por meio da transformação digital, as organizações podem criar uma única fonte de informações em toda a empresa. Marcas, programas e ciclos de vida de produtos são combinados em somente um banco de dados que pode impulsionar a colaboração em todo o ecossistema de CPGs, mantendo o valor da marca. Ao integrar todo o ciclo de vida digital, as empresas podem melhorar a qualidade, promover a fidelidade à marca e melhorar a velocidade de lançamento de novos produtos no mercado, permitindo que não apenas sobrevivam, mas prosperem no mercado atual.

Para saber mais sobre o impacto da transformação digital no setor de alimentos e bebidas, visite o site.

Mario Vollbracht é o vice-presidente de produtos ao consumidor e varejo da Siemens Digital Industries Software. Ele se juntou à Siemens em 2022 com mais de 25 anos de experiência na indústria, incluindo experiência direta na indústria, consultoria em gestão e uma vasta experiência em gestão de TI. 

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SOBRE O BLOG INDUSTRIAL

O Blog Industrial acompanha a movimentação do setor de bens de capital no Brasil e no exterior, trazendo tendências, novidades, opiniões e análises sobre a influência econômica e política no segmento. Este espaço é um subproduto da revista e do site P&S, e do portal Radar Industrial, todos editados pela redação da Editora Banas.

TATIANA GOMES

Tatiana Gomes, jornalista formada, atualmente presta assessoria de imprensa para a Editora Banas. Foi repórter e redatora do Jornal A Tribuna Paulista e editora web dos portais das Universidades Anhembi Morumbi e Instituto Santanense.

NARA FARIA

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), cursando MBA em Informações Econômico-financeiras de Capitais para Jornalistas (BM&F Bovespa – FIA). Com sete anos de experiência, atualmente é editora-chefe da Revista P&S. Já atuou como repórter nos jornais Todo Dia, Tribuna Liberal e Página Popular e como editora em veículo especializado nas áreas de energia, eletricidade e iluminação.

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